domingo, 1 de abril de 2007

De cara com o Aconcágua

Nas minhas viagens há três viagens: a primeira vem com a pesquisa do que desejo conhecer, o gostinho de antecipação dos lugares onde vou estar é muito excitante, adoooro essa preliminar! A segunda, por óbvio, a viagem em sim, é o auge de tudo, e por fim, na terceira saboreio as lembranças e tudo o que experimentei, vi, ouvi, cheirei, comi, enfim, vivi, pra poder escrever (às vezes com fisgadas de saudades intensas). Eu nunca ouvira falar do Parque Nacional das Torres del Paine antes de ter visitado a Patagônia argentina. Foi em Calafate que fiquei sabendo que, além fronteira, há este fabuloso maciço rochoso mas era bem vago em meu espírito o desejo de conhecê-lo. Porém a imagem das três torres ficou escondida num cantinho da minha cabeça e a vaga curiosidade, de latente, transformou-se em poderosa vontade. Assim, o Chile é o eleito da vez. Dou a maior sorte durante a passagem pela Cordilheira dos Andes, eis que o dia se apresenta maravilhoso, céu claro, alta visibilidade, dando pra ver nitidamente as montanhas cobertas de neve. E minha boa sorte continua quando o comandante comunica que, à direita, poderíamos avistar o mítico Aconcágua (sabem onde a sortuda está sentada? à direita, gente, à direita, hahaha!). Ah, meu deus, é deveras emocionante ver a montanha mais alta da América (o generoso comandante faz com que o avião voe na mesma altitude do lendário cerro), bom demais poder distinguir duas de suas encostas, a face norte, mais suave, acessível a qualquer pessoa com boas condições físicas já que não demanda escalada, e, do lado oposto, a face sul, esta, sim, bem escarpada, constituindo um grande desafio aos escaladores. O tempo magnífico tanto que as poucas nuvens não atrapalham nadica de nada, motivo por que dá pra distinguir a montanha às mis maravilhas. E o avião afasta-se deixando pra trás aquele colosso rochoso de quase 7 mil metros. Pra meu consolo logo adiante já distingo uma laguna verde que distrai minhas saudades do Aconcágua, jesus, é uma beleza atrás da outra! Depois de toda confusão ocorrida ontem, em Porto Alegre, com a greve dos controladores de tráfego aéreo, o cancelamento do meu vôo e a sua transferência para hoje, me sinto recompensada. Entro com o pé direito no Chile, ulálálá! Aterrisso no aeroporto de Santiago, domingo, 1º de abril, dia dos bobos (realmente eu estou boba de contente em estar novamente com o pé na estrada). Em vez de pegar um táxi (24 dólares) pego um minibus (8 dólares) que me deixa na porta de um hotel no bairro Providencia, lugar manero, com vários shoppings, restaurantes sofisticados, bons hotéis, largas avenidas, as ruas, arborizadas, em sua maioria com plátanos, bem cuidadas, limpas. Santiago, nessa primeira impressão, me parece ser uma cidade segura, não vejo mendigos, nem me sinto ameaçada por bandos de delinqüentes juvenis, fico encantada com o ar de primeiro mundo da capital dos chilenos. Pego o metrô pra dar uma banda no centro, conhecer a famosa La Moneda, a casa presidencial de onde Allende saiu morto, em 1973, após o golpe militar que derrubou de vez a tentativa de implantar no país a "via chilena para o socialismo". Caminho pelo paseo Ahumada, um grande teatro de variedades montado ao ar livre onde os santiaguinos mostram seus dotes artísticos: a cada 20 metros há um grupo musical, uma cantora, um solitário tocador de gaita, uma estátua viva, grupos de dançarinos traçando passos de dança de salão! Até com um grupo de capoeiristas me deparo! Uma animação esta rua, fervilhante de gente sentada em bancos ou em mesas defronte a cafés e heladerias curtindo a agradável temperatura que permite andar ainda com roupas leves. No paseo Huerfanos, transversal à Ahumada, há uma feira tipo Brique da Redenção com várias bancas vendendo artesanatos, comida, enfim, de tudo um pouco. Volto ao hotel de metrô e estou agora num bar/restaurante, o Mamut, na avenida 11 de Setembro, bebendo vinho branco. Como amanhã pegarei o avião às 8 da manhã com destino a Punta Arenas, de onde irei de ônibus até Puerto Natales, fico apenas numa taça de vinho, a última do dia pero não a da viagem. Sinto que esta viagem vai ser.........ouro sobre prata, ulálálá!

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