sexta-feira, 6 de abril de 2007

Entrando no reino encantado do Parque Nacional Torres del Paine

Victor e Daniel foram me buscar no hotel e às 11 horas saímos de Puerto Natales rumo ao Parque Nacional das Torres del Paine. A viagem leva em torno de 2 horas com uma parada em cerro Castillo, numa loja de conveniências onde há diversos tipos de souvenires à venda. Controlo meus impulsos consumistas e fecho a bolsa. O dia está lindo, céu azul, algumas nuvens aqui e ali, nem toldam o brilho quente do sol. A idéia é descer na Portaria do lago Sarmiento e dali seguir a pé até a Portaria da laguna Amarga onde Victor estará nos esperando para então nos levar de van ao albergue las Torres onde pernoitarei dois dias. Chegamos à Portaria do lago Sarmiento e os dois rapazes rapidamente levam a caixa contendo a comida até um espaço ao ar livre cercado de táboas e folhas de zinco especialmente destinado às refeições de quem entra por esta portaria. Outro almoço-lanche estupendo! A alegre toalhinha quadriculada de verde e branco é posta sobre a mesa e logo surgem duas formas de pão branco e integral, queijo filadélfia, carpaccio de salmão, aji verde, fatias de tomate e abacate, pera, barras de chocolate, suco e chá. Eu que já havia provado no dia anterior a combinação do abacate com tomate e queijo, muiiiito boa mesmo, dessa vez preparo dois sanduíches porque a presença de carpacio de salmão aguça minha gula e o olho acaba sendo maior que a barriga! Terminado o almoço, nos despedimos de Victor, e entramos no parque, eu mais Daniel, caminhando através de um terreno levemente ondulado coberto pelos matorrales pré andinos, um dos três tipos de vegetação existente no parque, caracterizados por arbustos espinhentos de pequeno porte, cuja espécie mais comum é o calafate, cuja flor é vermelha, e a matabarrosa, de floração branca, maldosamente conhecido como colchão de sogra. Durante a caminhada de pouco mais de duas horas pude ver bem de perto bandos de ñandues convivendo pacificamente com inúmeros guanacos pastando, rolando no chão ou encarando com aqueles olhos imensos e mansos os cerros mais além. Da metade do caminho em diante consigo avistar bem os cerros Almirante Nieto e Paine Grande bem como duas das Torres, a Central e a Norte. Da terceira agulha, a Sul somente avisto uma pequena parte de sua face leste. A temperatura amena e sem vento permite que eu tire a jaqueta e fique de manga curta. Quando chegamos no carro, fico com pena de não poder seguir caminhando, com um dia tão agradável apetece mesmo é continuar a pé, desfrutando mais a bela tarde de outono. O refúgio Las Torres é uma grande construção de madeira e alvenaria dividido em duas alas onde ficam os quartos. Na parte central há um enorme refeitório e duas pequenas salas de convivência em cada ala com uma salamandra sempre crepitando um bom fogo em seu interior. Além de almofadas jogadas no chão, pufes de couro e....uma rede! Em cada ala há dois banheiros, um masculino e outro feminino, com várias duchas de água caliente. Os quartos têm três beliches duplos e armários. Alugam cobertas de plumas com lençol e fronha. A comida, bem gostosinha, é preparada por um chef havendo um leve toque de sofisticação nos pratos servidos. Dos três refúgios por mim freqüentados no parque este foi em disparada aquele que serviu a melhor comida. Neste meu primeiro dia, é servida na janta sopa de abóbora, massa com mariscos e de sobremesa torta de damasco, além de grossas fatias de pão caseiro acompanhadas por tabletes de margarina. Observo que a maioria dos turistas são jovens, exceto meia dúzia de coroas, incluída nesta minoria a senhorinha que vos escreve. Como no albergue, ainda foi instalada iluminação elétrica, não consigo ler tampouco escrever depois da janta pois a luz do sol há muito se mandara pro outro lado do planeta. O jeito é me conformar e deitar, o que faço meio a contragosto. Pra minha surpresa o sono vem em meu socorro e rapidinho caio nos braços de morfeu já que nenhum romeu interessante apareceu para eu trocar umas idéias.

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