terça-feira, 3 de abril de 2007

Paseo pelo Seño Ultima Esperanza

Enquanto aguardo meu trek ao Parque Nacional de Torres del Paine, cujo início será na 6ª feira, resolvo navegar pelo Seño Última Esperanza, um braço do Pacífico situado no estreito de Magalhães, que conduz a alguns dos glaciares localizados nesta província. Este canal liga Puerto Natales ao Parque, podendo ser admirados de perto os glaciares Balmaceda e Serrano. Como o mar está muito agitado devido a velocidade do vento atingir cerca de 100 km/h, levantando ondas a uma altura de mais de 2 metros, o comandante da pequena embarcação, após quase duas horas de navegação, toma a decisão de não mais continuar a viagem, e assim retornamos ao cais de Puerto Natales, sem poder ver os glaciares. O pessoal da agência responsável pelo passeio oferece-nos duas alternativas: a devolução do dinheiro ou um passeio até uma estância situada às margens do Seño onde será servido um almoço campeiro. Claro está que nem vacilo, decido continuar o passeio. Foi assim que eu juntamente com um simpático casal de cariocas (foram os únicos brasileiros que encontrei durante as minhas duas semanas na Patagônia chilena), além do motorista, o Israel, nos embrenhamos por uma linda estradinha de terra tendo como cenário, à esquerda, as águas verdes do Seño onde nadam cisnes brancos de pescoço negro e bico vermelho, gansos selvagens e cormorãs de penugem branca e cinza; à direita, bosquetes de lengas e ñires, pequenos remansos de água cortam pastos ainda verdes pintalgados aqui e ali pelas últimas margaridas do verão e ao longe os cumes cobertos de neve cintilam à luz cálida do sol outonal. Quando chegamos à Estância Los Perales, Dom Ramon, o caseiro, nos dá as boas vindas, oferecendo-nos cálices de pisco sour. Terminados os drinques, passamos à sala de refeições cujo janelão de vidro destaca o belo cerro Balmaceda com seus flancos nevados espalhando-se bem diante de nossos deslumbrados olhos. No almoço, simples, mas super gostoso é servida uma sopa de legumes, parrilla com cordero, lingüiça e galinha mais salada de frutas. De bebida? Um tinto da Concha y Toro. Terminada a refeição, damos uma pequena caminhada até o rio que rumoreja tranqüilo através das pedras de seu leito. A luz do sol incidindo em suas águas torna-as prateadas; tudo tão calmo, e eu ali no meio de toda aquela beleza, recolho vez por outra delicadas penas de gansos selvagens que jazem sobre a grama. Ao retornarmos à sede da estância, é-nos servido um chá com bolinhos, geléia de ameixa, torrada e manteiga. No caminho de volta a Puerto Natales percebe-se que o vento continua ainda a soprar com força, pois rodopiam na superfície do canal espirais verticais de água que lembram cortinas de contas de vidro.

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