Saio de Porto na
quarta-feira, já noite, e perco quase 2 horas na free way pra andar 15 km. Tudo
por conta dum engarrafamento provocado pela manifestação de desabrigados em
repúdio à negligência do poder municipal. Quase choro de raiva. Sou consciente
de meu egoísmo. Entretanto, a pressa em chegar a Praia Grande é muita. Quero
desfrutar daquele conversê miudinho com Mariolinda enquanto sorvemos algumas
taças de vinho na cozinha da pousada. Na quinta, já respirando o ar fresco de
Praia Grande, trato de descer correndo a serra do Faxinal até o centro da
cidade. Paulo, marido de Mariolinda, me resgata em frente ao supermercado Assis.
Retorno, assim, na garupa da moto de 400 cc, bem faceira, à pousada. Uma bela
salada de maionese, feita pelas mãos caprichosas de Mariolinda, mais uma
suculenta e macia carne de panela são o cardápio do almoço. Em homenagem aos
meus 61 aninhos. Meu niver, graças a deus, antecede o feriado da Proclamação
da República. Daí, né, aproveito e me dou de presente um trek na região de
Urubici. Com direito a este pit stop em Praia Grande. De pancinha cheia, trato
de descansar um pouco após a refeição, escarrapachada no sofá do refeitório,
curtindo uma tevê. Às 15 horas, sacudo a preguiça e ponho o pé na estrada, feliz da vida. Adoooro uma
viagem. Subo, então, a serra do Rio do Rastro, e na altura de Bom Jardim da Serra, paro
numa casa de chá, a beira da SC 438 pra mastigar algo gostoso. Lá pelas 20 horas chego a Urubici, me
hospedando numa pousada bem maneira. Termino o dia jantando uma truta
de-li-cio-sa no Parador Santo Antonio. Dia seguinte, bem cedo, sigo até o
Albergue do Refúgio de Montanha do Rio Canoas onde vou encontrar Juan que será o
guia nesta pernada de 3 dias nos campos de cima da serra catarinense. Em lá
chegando, conheço Oscar e Federico. Ambos também participarão da caminhada. Às
09:30, botamos o pé na estrada. Tomara que os sinais de bom tempo à noite
passada – lua quase cheia se exibindo toda pimpona num céu despejado de nuvens – permaneçam nesta bela manhã ventosa apesar da pessimista previsão da meteorologia. Rezemos pra que tudo não passe dum mal entendido! O trajeto
inicial não oferece dificuldade alguma. É uma estrada paralela ao leito do rio Canoas,
cujo nascedouro fica quase na borda do planalto conhecido como Aparados da
Serra. É pra lá que vamos, conhecer o Campo dos Padres, lugar já a um par de anos
na minha mira. Após a moleza da plana estradinha, segue-se uma subida,
relativamente íngreme. O que torna o ascenso um pouco dificultoso não é a
aclividade e, sim, o tanto de pedra solta que estorva a pisada. Como estou à
frente de meus companheiros, resolvo esperá-los. Escarrapacho-me num relvado
cercado por arbustos de floração amarela e por uma dezena de araucárias. Infelizmente, estas árvores que já foram abundantes na região, nos dias atuais, estão se tornando material minguado. Enquanto aguardo a chegada dos 3 muchachos, admiro o relevo
catarinense e me ponho a refletir como diferem dos campos de cima da serra do
meu Rio Grande. Aqui, há montanhas e vales profundos e a altitude é bem mais significativa:
varia de 1.000 a 1.827 m. A paisagem forma um mosaico intercalado por capões de
mata atlântica, bosques com araucárias e os movediços solos turfosos,
permanentemente úmidos o ano inteiro. Atravessamos uns 3 ou 4 riachos de águas
rasíssimas. Basta pular algumas pedras e eis nossas patinhas saltitantes já na
margem oposta sem vestígio algum de umidade. Chegamos ao Campo dos Padres às
17 horas. Juan escolhe como lugar do acampamento o quintal da casa de seu
Arno. A tosca casa de 2 pisos, construída
com toras de madeira e pedra, está no momento sendo ocupada por um casal de Anitapólis,
Andreia e Marcio. Arrendatários de terras lindeiras às de seu Arno, criam algumas
centenas de cabeças de gado. Assim a cada 15 dias vêm a estas paragens cuidar
do que é seu. No final da tarde, o céu nubla e o vento, que soprou ao longo
do dia, arrefece. “Não me diga, Juan, que esse nome, Campos dos Padres, se deve
aos jesuítas, hein? Até nessas bandas deram eles o ar de sua graça?” Confirmada
minha suspeita, Juan esclarece que os indefectíveis padres teriam dado com os
costados nestes ermos com o objetivo de esconder lingotes de ouro. Bueno, sou a única mulher do grupo e a única brasileira já que os três
homens são uruguaios. Oscar e Juan, gêmeos, são 5 anos mais moços que eu,
portanto também compartilham comigo “a tal de sabedoria adquirida com a ½ idade”
(só pode ser piada tal expressão, ala putcha!). O terceiro homem é o “jovem do
grupo”, com seus 47 aninhos. Ao contrário dos irmãos, radicados hace mucho
tiempo acá neste país tropical, Fred vive no Uruguay. Quando o vinho é aberto,
o papo torna-se, quem diria né, mais animado. Ah, o álcool! O pó de
pirlimpimpim dos adultos. Faz a gente voar alto. Abro uma lata de
sardinha ao molho de tomate e jogo por cima do miojo previamente cozido. Como com
sofreguidão. Estou esfomeada. Apesar da modéstia do ranguinho, uma sobremesa eu
trouxe: tijolinhos de goiabada! Na madruga de sábado, acordo com o tão temível tamborilar
dos pingos d’água no teto da barraca. Volto a dormir...fazer o quê, né? Só
resta rezar pra que a chuva, se não cessar de todo, ao menos se aquiete de modo
a permitir que façamos os passeios planejados. Quando acordo de manhã, nem
sinal de chuva embora um céu cor de chumbo paire baixo sobre os campos. Menos
mal! Desjejum feito (o meu incluiu café preto acompanhado dum pão com queijo
polenguinho), partimos os quatro em direção ao canyon do rio Canoas, situado a
3 km do lugar onde estamos aquerenciados. Atravessamos uma campina, rodeada por
um semicírculo de colinas, cuja aparência lembra um monumental anfiteatro. No
espaço entre duas das elevações, descortinam-se algumas das dobras do rio
Canoas. Da primeira cachu do canyon tem-se uma visão frontal de sua queda
d’água que não ultrapassa modestos 10 metros, já da segunda, só se avista a traseira.
Os altos paredões por onde as águas do rio escorrem assemelham-se a um gigantesco
portal escancarando-se, aí sim, sobre um precipício de 70 m. O colorido das
flores em meio ao verde da campina é um colírio pros olhos. Macegas de
margaridas brancas com seus miolinhos amarelos, bromélias em plena floração e outras tantas
flores anônimas mas igualmente belas enfeitam os campos de cima da serra festejando mais uma primavera da minha vida. A garoa aperta e visto meu poncho emborrachado. O tempo
melhora quando já estamos retornando ao acampamento, tanto que às 13 e 15 o sol
vem com tudo tornando mais alegre meu frugal almoço. Que não passa duma sopinha
de pacote e um naco de pão com polenguinho. Deliciosa refeição! Melhor tempero
que a fome não há. Fred desarrolha um tinto argentino da vinícola Miguel
Escorihuela Gascon que compensa o fracasso do Bardolino, aberto na noite
anterior, visivelmente avinagrado. De penitência, a maledeta garrafa foi
colocada ao sol pra azedar de vez! Os gêmeos, univitelinos, são fáceis
de confundir olhos desavisados. Tanto que só, no final do primeiro dia, me dei conta dum pequeno
detalhe que permitiu que eu distinguisse um do outro: Oscar deixou crescer um
tufinho de pelos sob o lábio inferior. À medida que convivo com eles, percebo
semelhanças e diferenças nos temperamentos. É fácil fazer Juan rir, já Oscar não
se deixa levar pela piada fácil. Mais corteses que simpáticos, os dois exibem
modesto senso de humor. Já Federico, do alto de seus 1,83 conquista ao
primeiro vistaço. Além de guapíssimo (aaah....se eu tivesse 20 anos menos!),
sabe contar com malícia e vivacidade causos de personagens de sua terra. Terminado
o almoço, nos entocamos nas barracas. Que seja pra sestear, pra ler ou pra
devanear. É boa demais essa vida. Leio e cochilo até as 16 e 30, quando então chamo
os homens. “E daí, guris, vamos até a borda dos Aparados?” Decorrida uma hora
de caminhada, a cerração torna-se mais e mais espessa, impedindo que
continuemos o passeio. Pesarosos, retornamos ao acampamento. No final da tarde,
a garoa mantém-se firme e forte. Encasulados no interior duma gigantesca e
úmida nuvem que paira sobre os campos, nosso ânimo, entretanto,
é dos mais animados. Juan prepara um chima e rodamos a cuia de mão em mão
jogando conversa fora. Quando a noite baixa, iniciamos os preparativos da
janta. A única alteração em meu menu é a substituição da sardinha pelo atum.
Morta de fome, lambo o prato bem feliz! E dale mariola de sobremesa. Claro está
que não falta o bom vinho tinto. Somos um quarteto pra lá de pinguço.
Andreia nos convida pra provar canjica cozida no fogão a lenha. Feita com leite
tirado há pouco duma de suas vacas, está uma delícia o doce. Não há como não
dormir bem depois dum prosa agradável regada com boa comida e excelente bebida....oigatê!!
Em vez de galos fazendo cocoricó, desperto com mugidos de vaca. Adoro tudo
isso! Quando saio da barraca, dou de cara com o céu deliciosamente azulado. Encortinado,
ontem, pela cerração, o ponto mais elevado de Santa Catarina, morro da Boa
Vista, exibe, nesta manhã de domingo, os seus arredondados 1.827 metros.
Embora não estejamos nos Andes, Juan contratou cavalos pra carregar nossa
bagagem, tanto na ida quanto na volta. Levando nos costados mochilas leves, retornamos
pela mesma rota percorrida na vinda. Despeço-me dos três companheiros quando
alcançamos a estrada. Estou com pressa pois tenho ainda que pegar a estrada.
Eles permanecerão em Urubici, só retornando amanhã pra suas casas. Quando estou a
uns 2 km do refúgio, onde deixei meu carro, vejo o sol iluminando as três magníficas
pedras que formam um cordão rochoso paralelo ao rio Canoas. Mesmo a minha
máquina, uma saboneteira vagabunda, consegue alguns cliques bem maneiros delas.
Desço a Corvo Branco a 5 km/h admirando a beleza desta monumental serra. E
depois, dale pé no acelerador porque tem vinhote me aguardando em Praia
Grande, hehe! Beleza de feriadão esse! E que vengan otros!
Pretendo com este blog descrever viagens que fiz e farei por este tão lindo planeta, resgatando da memória as impressões armazenadas, algumas já esmaecidas pelo tempo, outras prudentemente registradas pelo olho mágico das lembranças fotográficas.
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
domingo, 29 de setembro de 2013
Gotas de Chuva: eis a Mantiqueira!
Acordo a uma da madruga com o
maior chuvaral. Inacreditável! Dois lindos dias com céu azul de brigadeiro, ouro sobre prata, e agora esse fiasco climático! Francamente, hein, São Pedro,
podia ter deixado o mau humor pra amanhã, segunda-feira, né?! Pra variar, tô com a maior vontade
de fazer xixi. Dou um tempo, me apertando toda dentro do saco de dormir, na
esperança de que a chuva dê uma estiada. Quando percebo que o tamborilar dos
pingos não soa mais que nem surdo na lona da barraca, saio e deixo a urina,
até então cruelmente represada dentro de minha bexiga, jorrar, enquanto solto
ahs de prazeroso alívio. Sensação comparável a de um bom orgasmo. Quando volto a
acordar, de manhãzinha, dou de cara com o céu enfarruscado, sem sinal porém de
chuva. O tom melancólico do dia é fortalecido pela ciência de que hoje é a
finalera da pernada....sniiiiffff. Encontro os guris preparando o café, servindo a seguir um chima (aqui em Minas, é o contrário, hehe) para dar aquela energia à caminhada.
Quando ontem, Rodolfo surgiu com o chimarrão no café da manhã, intrigada, indaguei donde
ele adquirira tal hábito. Ele explicou que tem um pé no Rio Grande do Sul pois a mãe
é de Sta Maria. Mundão pequeno sem fronteiras esse, oigatê! Passamos a cuia de
mão em mão, esticando a conversa, de modo a fazê-la render até o início da pernada,
hoje curtésima, não mais que 2 horas. Merda de tempo fodido, estragou nosso
plano: tomaríamos aquele banhão no rio e depois retomaríamos a andança, devidamente,
refrescados. Outro aguaceiro nos afugenta pra dentro das barracas. Aproveito e continuo
a leitura do surpreendente Headhunters, policial magistralmente escrito pelo norueguês
Jo Nesbo. Às 11 e 30, com o aguaceiro reduzido a uma poeira aquosa, Rodolfo dá o
toque de levantar acampamento. Thomas irá nos resgatar
às 14 horas num ponto do município de Alagoa. Urge que partamos, sem tardança. Ai que saco, que perda de tempo a ampla capa de
borracha, tipo às que são usadas por pescadores, que visto quando partimos. A tal garoa não dura nem 20 minutos. Ao passar pela sede administrativa do
Parque Estadual Serra do Papagaio, paramos prum dedo de prosa com um dos guarda-parques que lá se encontra.
Senhorzinho entrado nos anos, ele concorda conosco quando chamamos a atenção pra grande ajuda prestada pelos guias na conservação e preservação da natureza. No horário aprazado, o falante
Thomas está a postos nos esperando no local combinado. Sobressai, na paisagem, a pequena serra de Santo
Agostinho e seu pico do Garrafão. Pelos meus cálculos, a distância percorrida - mais ou menos, é claro, - nos 3 dias de pernada foi em torno de 35 km. Voltamos a Passa4 onde chegamos no meio do domingão. Fico de bobeira, no casarão, arrumando minhas coisas. Amanhã, tenho de reiniciar meu
movimento de retorno ao Sul. Meus planos iniciais previam, além do trek na
trilha do Segredo, a ascensão ao Itaguaré que eu não conseguira culminar quando
estivera, aqui na Páscoa, socando a bota na desafiante travessia Marins-Itaguaré.
Com tempo chuvoso, mas chuvoso mesmo, castigando a pernada durante os 2 últimos
dias de trek, Willian nosso guia, resolveu, a bem da segurança, abortar a
subida ao cume faltando apenasmente uns 200 m pra atingi-lo. Fiquei com a tal síndrome
da frustração, daí por que fiz questão de incluí-lo mais uma vez neste rolê na
Mantiqueira. Infelizmente, em razão de dores no ciático, sou obrigada a desistir
de subi-lo (te pego, ai se te pego, Itaguaré, hehe). Olha, tenho abusão ao tal
bordão “a montanha tá ali, não vai fugir”. Esse tipo de consolo não cola muito
comigo. Mas tenho de reconhecer que, de fato, essas pedrocas não se movem tão
facilmente, não, hehehe!! À noite, diante da deserção de nossos guias - Willian
se mandando com sua Josi pro chatô deles (por que será que recém-casado só quer
ficar em casa hein?), e Rodolfo só querendo saber de curtir filme com Tao, seu
pimpolho - eu e Zé Natureza decidimos jantar no restaurante Seis e Meia,
especializado em truta. Uma delícia os pratos por nós escolhidos. De pancinha saciada, quando volto pra pousada, não demoro nadica a pegar no sono de tão empaturrada. Dia
seguinte, segundona, começa minha volta, despacito no más, em direção ao Sul. Mais uma vez,
faço um pit stop de 2 dias em Campinas. Tão boa voltar a curtir a vibe gostosa da casa de Patricia.
Se tivesse que escolher outra casa pra morar, com certeza, seria a dessa minha queridésima
prima-irmã. Na quarta-feira, outra parada em Curitiba, alugando novamente o
sofá na casa de Fatima. E pra variar, dessa feita, derrubamos só 3 garrafas de
vinho (não pretendo tão cedo retornar a casa de minha amiga, o que se bebe lá é
pra gente grande, hehe). Na quinta-feira, quase na fronteira do Rio Grande, resolvo,
dar uma esticada em Praia Grande. Faz horas que não vejo minha querida
Mariolinda. E Mariana, aquela Selau mimadésima, tá grávida! Tenho de vê-la barriguda de sua Isabela. Na
sexta-feira, dia 4, chego triufante, gargalhando feliz da vida, em Portinho
depois de ter percorrido em segurança 3.000 km!! Uhuuuuuu
sábado, 28 de setembro de 2013
Acupunturando a Mantiqueira
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Mantiqueirando
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Do Sul ao Sudeste
Saio
de Porto às 23 e 30 de quinta-feira, pernoitando em Torres, num hotel à beira
da BR 101. É minha primeira grande viagem dirigindo euzinha - sozinha - meu carro. Estou numa empolgação que mantém a adrenalina lá em cima...adoro tal sensação!! Na
sexta-feira, perocorro, com chuva, às vezes forte, todo o estado de Santa Catarina. Só estia o chuvaral quando
entro no Paraná. De São José dos Pinhais, uma espécie de Canoas dos paranaenses,
à casa de Fatima, em Curitiba, levo 2 horas – isso mesmo - 2 horas porque o
trânsito neste horário – 18 horas – é de fuder de muvucado!! Afora isso, o GPS mais me confunde que
ajuda...uma merda!! Telefono pra Pece
quando estou quase chegando e combinamos de ele me buscar na casa de Fatima pra
jantarmos juntos. Vamos então, eu, Pece e Fernanda, sua namorada, ao Pamphylia,
tradicional restaurante curitibano situado no Batel. Retorno a casa de Fatima
e já a encontro em casa. Comemoramos o reencontro bebendo 3 garrafas de vinho
(e eu já partilhara, no restaurante, uma garrafa com o casal de amigos!). Dia seguinte, acordo me
sentindo um pouco ressaqueada, o que não me impede de pedalar com Fatima e
Jamila até o mercado municipal onde almoçamos. Como pouco porque já começo a sentir certo mal estar que vai se agravando mais e mais ao ponto de eu ir 3 vezes ao
banheiro pra vomitar tão mal me sinto. Quando começo a pedalar me sinto melhor,
mas a chuva reinicia (havia caído um pancadão durante o almoço), o que nos
obriga a voltar pra casa. E o mal-estar volta com força total quando me deito
no sofá pra assistir a um filme com Jamila enquanto Fatima estuda pra 2ª fase
da prova da OAB. Mais uma vez – a 4ª! – volto a vomitar, dessa vez pra pôr pra
fora os últimos vestígios do almoço. Só consigo me recuperar lá pelas 23
horas....que horror!! Nunca mais quero beber tanto...saravá! Domingo, Curitiba continua debaixo do mal tempo.
Chove a beça. Aproveito uma brecha no chuvaral e pego a estrada novamente.
Fatima, uma fofa, me guia até a Regis Bittencourt. E a chuva volta a apertar. A
rodovia, na saída de Curitiba, em péssimas condições de trafegabilidade, exibe
buracos e desníveis que formam lâminas de água perigosíssimas. Não dá outra:
quase aquaplano o carro. Por sorte, sempre aciono o 4x4 da camionete quando o
tempo está chuvoso. O que me salva duma derrapagem talvez fatal. O carro valsa
um pouco, mas segura legal o tranco, apesar do tanto de água sob os pneus. Se
eu tivesse perdido o controle, teria chocado com o caminhão que estava
ultrapassando. E não estaria aqui contando a viagem. A chuva não dá trégua, cai
água de balde do céu. Vejo 2 carros capotados. Um deles está tão detonado que
não deve ter sobrado ninguém vivo. Quando mais tarde paro pra comer algo, um
caminhoneiro com quem converso enquanto bebo um café, conta que o casal do tal
carro capotado escapou na boa do acidente. Deus do céu, muita imprudência nas
estradas, demais!! Tem motora que não diminui a velocidade mesmo que chova
canivete. O trecho da Regis Bittencourt, localizado na belíssima serra do
Cafezal, além de perigosíssimo porque cheio de curvas e buracos tem só uma
pista. O trânsito se torna lentíssimo então. O que poderia ser feito
prudentemente em 1 hora demora 2!!! E a chuva continua implacavelmente.
Estou um tantinho ansiosa com a passagem pelo rodoanel Mario Covas, elo viário
entre a Regis Bittencourt e a Bandeirantes. Contudo, me saio muito bem (até
dispenso o GPS) porque as saídas são muito bem sinalizadas. Chego a Campinas em
torno das 19 e 30, após 8 horas de viagem. Minha lombar doi, não só de ter
ficado sentada tanto tempo quanto da tensão em dirigir. No trecho final, já na rodovia
Dom Pedro I, Patricia, a quem contato pelo celular, é quem me serve de GPS,
muito mais confiável que esta moderna bússola. Curto demais a casa dessa minha
querida prima-irmã, onde me sinto quase tão à vontade quanto na minha. Exceto
na segunda à tardinha, quando corro na Unicamp, os dois dias em que permaneço
em Campinas, faço da sala da TV meu quarto. Bem baixada no confortável sofazão,
assisto, numa maratona frenética, a 4ª e 5ª temporadas do badaladíssimo seriado
Breaking Bad. Ah, e o que são os deliciosos almocinhos preparados por Patricia?
No almoço, apenas carnes e saladas. Carboidratos são reservados para o
lanchinho da noite, hehehe!!! Na quarta-feira, infelizmente, tanta mordomia tem
um fim. Preciso partir pra Passa4. Minha prima me conduz até a D. Pedro. Os 132
km rodados nesta excelente rodovia são um prazer. Um baita sol ilumina com
vigor a manhã. Ainda bem, porque desde sexta-feira só o cinza tem dado pinta no
céu. Me confundo um pouco - tudo culpa dessa merda de GPS!! – pra pegar a Dutra.
Graças aos nativos e às placas chego em Passa4, mais exatamente à pousada
Harpia onde vou me hospedar durante minha estadia aqui. Willian, o príncipe das
Terras Altas da Mantiqueira, um dos guias da agência Harpia, me recebe com
aquela mineiríssima afabilidade. Pouca demora, prepara café preto no fogão a
lenha instalado na espaçosa cozinha do casarão. O vento forte me faz desistir de
dar uma corridinha. Fico então de prosa com Will e Josi. À noite, enquanto
degusto uma cachacinha – de lamber os beiços tão boa é - envelhecida em barril
de umburana, indago de Rodolfo detalhes da travessia que me motivou a vir de
tão longe.
Grata surpresa me reservam esses dois guris!! A pernada na serra do
Papagaio, comumente feita no sentido leste-oeste ou vice-versa, será no sentido
norte-sul, trilhando lugares pouquíssimos frequentados....ebaaa!!!! Acordo na
quinta e o vento continua bufando forte, tanto que a vegetação não pára de
dançar. E o que é esse frio? Até parece o Rio Grande do Sul esta terra, uai!!
Um belo café da manhã me espera na cozinha. Dou um rolê de 22 km
pedalando minha magrelinha verde-amarela (trouxe ela no suporte traseiro do carro, sim senhor!!) ao longo da
antiga ferrovia da Mantiqueira com Willian. Após, almocinho de comida super caseira
na Dª Filhinha, seguido dum café na única chocolateria da cidade, repleta de guloseimas. Zé Natureza
chega à tardinha. Muitos papos na cozinha e a adrenalina correndo nas veias na
expectativa da indiada que nos aguarda amanhã. Trilha do Segredo, olha eu
chegando........ebaaaa!!!
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Vulcão Chachani
Saímos
de Arequipa às 08 e ½, numa 4x4 guiada por Afonso. Proprietário do carro, ele é um tipo irrequieto, falante, mas nada simpático. Quando sabe que sou
brasileira, revela que namora uma paulista. E eu com isso, uai. O guia é Alberto, um cara que sorri até quando tu fala de coisas
tristes. Dessa feita, Adrián vai apenas porteando minha bagagem porque ainda
não tem permissão pra guiar solo em alta montanha. Como lhe falta concluir
o curso de Profissional Técnico de Guia Oficial de Montanha, ministrado pela
Associação de Guias de Montanha do Peru, afiliada a UIAG, cuja duração são 3
anos, só lhe é permitido ser
guia de caminhada, daí porque no Colca pôde me acompanhar. Espera, com a grana que está juntando nessa temporada de turismo,
poder pagar as taxas e se mandar pra Huaraz em setembro, onde será realizada a
parte final do curso, constante somente de práticas. O último componente do grupo é Mikael, um belga duns 30 anos, espantosamente fluente no espanhol, graças a 2 semestres de engenharia florestal cursados no Chile. Tece comentários perspicazes acerca do relacionamento
homem x mulher que me arrancam sorrisos, tipo “ela (se
referindo à namorada, uma espanhola, mais um motivo porque é tão bom no espanhol) não concebe que eu possa me divertir
sem estar ao seu lado”....hahahaha. Pior que a arguta observação resume acertadamente um tipo de mesquinhez emocional que estraga tanto as relações amorosas. Afonso, a meu pedido, pára o carro pra eu poder fotografar o
Misti. E Alberto me indica a trilha pedalável na encosta nordeste do Chachani.
Pra quem gosta de boas descidas, esse down hill é bem irado: desnível de 1.200
m, com largada a partir de 4.800 m.
Quando atingimos os 5.074 m, às 11 e 30, Afonso nos deixa e retorna a Arequipa.
Voltará amanhã pra nos buscar. Quase toda a caminhada, até o acampamento, é ao longo duma
trilha bem demarcada, exceto por um trecho constituído duma selva de pedras,
provável resquício dalguma morena. Durante a pernada, a única vegetação que se destaca,
na coloração ocre da paisagem semi-árida, é a yareta. Recobrindo as rochas,
esta planta almofadada e resinosa serve de combustível, comumente usado em fogões. Embora o aclive seja suave, já sinto os efeitos da altitude. Afinal, 5.000 m não são os 2.300 m de Arequipa que tiro de letra. A caminhada dura pouco mais de 1 hora e eis nós já no lugar onde vamos acampar. Situado na encosta norte do Chachani, a uma altitude de 5.157 m, o acampamento permite avistar, em todo seu esplendor, a linda face sul do vulcão
Nokarane, quase inteiramente coberta de neve. Ao norte, já bem visíveis os vulcões Ampato
e Sabancaya. Mais além, o Coropuna. Os guris montam as barracas enquanto dois
zorrinhos, atraídos pela movimentação, surgem dentre as pedras, olhando pra nós, com
ar sestroso. A coisa mais linda, ambos têm pelagem ruiva. Quando jogamos
guloseimas em sua direção, largam de ser tão ariscos e se aproximam
cautelosamente. Nada como a boa e velha armadilha da gula pra amansar o temor deles
em relação ao bicho homem. Me esbaldo, sacando um monte de fotos e também filmando-os.
Os dois são irmãos e, à tardinha, a mamãe zorra dá pinta para ver o que tá
rolando com os filhotes. Como sobrou muita massa da janta (porque estava bem
ruinzinha), tudo é jogado pros zorrinhos que a devoram. Digno de nota: eles
não disputam o rango. Aquele que alcança
primeiro a comida, come sem ser incomodado pelo outro, que se limita tão-somente em torcer pra que sobre algo. No final da tarde, a lua - falta só um tantinho pra ser cheia - brilha lindaça num céu que lembra aquele celofane azul que
envolvia antigamente as maçãs. Vejo, pela primeira vez em 9 dias na região de
Arequipa, gordas nuvens atrás do Nokarane. Coisa duns 200 metros adiante do
nosso acampamento, distingue-se bem o sinuoso zigue-zague que se desenha ao
longo da rampa arenosa que dá acesso ao cume do Chachani. Será o que
enfrentarei na madrugada....bah! Às 20 horas já estou deitada, dormindo sem muita delonga após ingerir um
relaxante muscular. Acordo antes que Adrián me chame e, às 3
e 30, já estamos subindo a tal rampa que vira durante o dia. O céu está coalhado de estrelas e da lua nem sinal. A noite ainda tem o mando de campo, hehe, o que convenhamos não dá pra
ver bulhufas da paisagem. Além do mais, a concentração em caminhar exige atenção e muito esforço físico. Lá pelas 5 e 15, percebo pequeno clarão a leste. Curto muito a ambiguidade dessa hora, em que a noite hesita em ceder espaço à claridade da manhã. Apenas
se percebe o suave contorno da paisagem ao redor. Numa das dobras da montanha, distingo brevemente o perfil azulado do Nokarane. Sinto muito frio nos pés e cansaço
também. Paro seguidamente a fim de restaurar minhas energias. O belga segue atrás de
mim e Alberto e Adrián à frente. Se não fosse a altitude, a caminhada seria
tranquila porque não passa dum trilho bem demarcado na arenosa encosta norte do
vulcão. Lá pelas tantas, um pequeno trecho crivado de rochas, nada contudo que
exija escalaminhadas, apenas cuidado pra não se pisar em pedras soltas. Peço novamente que paremos. Tenho de descansar. Lanço, então, a pergunta que não quer calar: "quanto falta pro cume, Adrián?" Quando o guia responde 2 horas, a decisão já está tomada. Há alguns anos atrás,
me esgualepava mas ia. Atualmente, quero que minhas caminhadas sejam prazerosas mesmo que tenha de sacrificar cumes. Essa pegada de parar, frequentemente, porque as
forças são escassas, me deixa humilhada. Eu queria poder caminhar com relativa fluidez. Se já me sinto super cansada aos 5.750 m, onde agora me encontro, insistir em subir os 300 metros restantes até o cume vai acabar comigo. Sinto um baita alívio quando desisto de continuar. Já vinha me intimando há um bom tempo com a repetitiva ladainha de “e aí minha querida, qual é?” Quando
se pensa em abortar ascensos aos cumes, bate uma nóia que a gente é fraca. Isso faz com
que se fique adiando a decisão pra ver até onde se aguenta. Vá que essa procrastinação leve ao tão
sonhado cume, né? Depois que voltei pra casa, comecei a fazer questionamentos tipo "por que não te esforçaste mais hein Beatriz?" Mas daí já era e se punir assim não leva a nada! Bueno, despedimo-nos
de Mikael e Alberto e começamos a descida por outro caminho cuja areia bem fofa
levanta nuvens de poeira, tanto que minhas botas e calças ficaram branquinhas! Quando
chego ao acampamento, lá pelas 8 e 30, deito na barraca e tiro um gostoso
cochilo até as 10. Em torno de 11 horas, os homens retornam do cume. Acho bem
estranha a atitude do belga, o cara nem comemora o feito (e olha que foi seu 1º
seis mil!), tampouco máquina levou pra tirar fotos. Quando pergunto pra ele
porque não carrega uma consigo, ele responde que guarda tudo na memória. Entretanto,
anota seu email em meu diário e pede que eu envie as fotos que tirei dele...pode?
Já em Arequipa, sinto que realmente estou cansada porque nem sinto vontade de
sair à noite pra beber um pisco sour, hehe!! O Chachani cobrou seu preço! No dia seguinte, retornando ao Brasil, enquanto sobrevoo a região de Arequipa, decido que meu próximo vulcão bem que pode ser o Misti.....afinal, ele só tem 5.800 m, hehe
Marcadores:
Peru - Arequipa - Vulcão Chachani
sábado, 17 de agosto de 2013
O mundo encantado do convento Santa Catalina
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Final de trek tem gostinho de "quero mais"
Saímos
de Sangalle às 05 e 30 da manhã. Acompanham-nos Bliss e Fionnuala. Seu guia combinou de
deixar a vila às 4 e 30 e as gurias quando souberam que nós sairíamos às 5 e
30, pediram pra ir conoco! Ainda escuro, ligo a lanterna de testa. Decorridos
40 minutos, desnecessário seu uso, já que a claridade da manhã se impôs. Fionnuala
tão falante, ontem à noite, mantém-se quase muda durante a caminhada. Ah,
nada como um tragoléu pra soltar a língua das pessoas e day after voltar a
emudecê-las, hehe. Já Bliss mantém seu sorriso cheio de dentes. A trilha que, ontem, vista à distância
tanto temor me inspirou, hoje não é tudo aquilo que eu
imaginara. Essas perspectivas enganadoras...tsk tsk tsk! Não dá pra considerá-la fácil, afinal se trata dum desnível de 1.000 metros de ininterrupto
ascenso, mas difícil não é. Sem maiores dificuldades técnicas, o bem marcado caminho
exibe em seu lado direito o lindo visual do canyon onde se vêem, próximas uma da outra, as vilas de Malata e Cosñirhua, situadas no paredão oposto. Passam por
nós alguns turistas montados em mulas. A subida deve tê-los amendrontados
ou, então, mais provável, estão com as pernas esbagaçadas da descida de
Cabanaconde a Sangalle. Encontro um grupo de brasileiros. Um deles, um gordão,
enrolado na bandeira nacional, botando os bofes pela boca, só sabe dizer que
está fudido, apontando pras pernas. Indago o óbvio ululante: “mas cara, por que
tu não contratou uma mula?” E o gorducho,
bem humorado (dificilmente um gordo não é bem humorado ou metido a
engraçadinho....por que será?), responde que as mulas só aguentam até 80 kg,
peso que ele tem em dobro, hahahaha!!! Hilária a situação do gordo, tadinho! A
garotada está viajando pela América do Sul com a intenção de fazer um
documentário tipo reality show pra tentar vendê-lo a um canal fechado de TV
quando retornarem ao Brasil. Numa das tantas dobras da trilha, curtindo um rock transmitido por um aparelhinho de som, um casal, com ar cansado, sentado no chão,
recupera as energias da íngreme subida. Em 2 horas e 50 minutos - poderia ter
feito em menos tempos, mas paro toda hora pra fotografar e filmar – alcançamos o
topo após 4 km de percurso. Ali, dezenas de jovens, felizes e orgulhosos de sua
façanha, descansam após o cansativo ascenso. Mais uma caminhadinha de hora e meia até Cabanaconde onde desayunamos enquanto esperamos a van que nos levará de volta a Arequipa. Embora
sempre seja servido o mesmo desayuno - chá, geleia de morango, manteiga e pão –
como com gosto, até porque é muito gostosa a singela refeição. Embarcamos na
van onde já se encontra acomodado um bando de adolescentes franceses, todos magros e nada simpáticos.
Em Maca, na rua principal, mulheres apregoam a sempre usual parafernália de produtos
típicos: mantas, casacos, gorros e bonecas. Num poste, amarrados com um cordão, uma lhama
e um gavião são alugados aos cliques fotográficos dos turistas em troca de
alguns soles. Vejo uma sorridente Bliss com a ave pousada no ombro sendo
fotografada por Fionnuala, hehehe. Quase caio na tentação de fazer o mesmo mas devido
ao pouco tempo que o guia nos deu prefiro visitar a linda igreja pintada de
cal, com o átrio murado! Curto demais fazer os 3 pedidos a que se tem direito
quando se entra num templo pela primeira vez. Na rua ao lado da igreja, uma festa
com banda e dançarinos usando máscaras de árabes está iniciando. Alguns homens
fazem uma rodinha e se põem a dançar. Moças, exibindo lindos trajes típicos caprichosamente bordados, sentam-se à beira da calçada, bebendo refrigerante. Lamento não poder ficar porém a van
já está quase partindo. Descemos rapidamente num mirador donde se avistam o nevado
Quehuisha e, no vale abaixo, a vila de Madrigal. No fundão duma
garganta, uma mina de prata abandonada. A próxima parada é Yanque onde curtimos
deliciosas piscinas de águas termais. As melhores do trek, sem sombra de
dúvida! Sem semelhança com as de Llhuar e Sangalle, são feitas de
pedras, bem rudimentares. Relaxo feliz da vida nas cálidas águas. Em frente,
dois vestiários feitos de carrizo com 2 chuveiros pra quem quiser tomar uma ducha,
dessa feita usando sabonete. Rumamos então para Chivay onde almoçamos no mesmo restaurante
onde desaiunamos há 5 dias atrás, quando o trekking teve início. O bufê do Sumac
Wasi oferece diversos pratos típicos e custa 25 soles. Tão sumpimpa a refeição,
que repeti 3 vezes!! Chego em Arequipa às 17 e 30. Cansada, saio e
compro salteñas (prefiro às empanadas) mais uma tortinha de morango. Levo tudo pro hotel. Pego, então, um copo de chá na recepção e subo pro meu quarto. Muito a organizar já que daqui a 2 dias enfrento outro trekking. E no maior vulcão da cordilheira vulcânica, o Chachani, com 6.057 m. O objetivo é alcançar sua cumbre. Vamos ver no que dá! Qual não é minha surpresa quando abro o Face e dou de cara com o alegre convite de Vevê Mambrini, jornalista paulista, anunciando que está também em Arequipa. "Simbora tomar uma cerveja?" Pergunto onde ela se encontra mas fico sem resposta. Deve estar em algum lugar onde não há wifi....que pena! Mas desencano rapidinho. Estou deveras cansada e minha pilha não ia durar muito. Melhor dormir e descansar pra amanhã estar 100% reenergizada!
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