De tanto comer moluscos ontem, acordo com dor de barriga. Ainda bem que não é nada sério. Por via das dúvidas, meu almoço é um sandu vegetariano com abacate, tomate, queijo branco e palmito num enorme pão de forma, como costumam ser todos os lanches servidos no país. Como ainda me resta a manhã pra dar um último bordejo, tomo o rumo do cerro Santa Lucia, em frente ao lindo prédio da Biblioteca Nacional. Da colina, com 69 metros de altura, tem-se uma vista privilegiada sobre o vale do rio Mapocho, motivo pelo qual serviu de mirante aos espanhóis durante os séculos XVI e XVII nas suas freqüentes escaramuças contra os índios mapuches. Posteriormente, graças a Mackenna, prefeito de Santiago, no século XIX, a antiga fortificação militar virou atração turística com a construção de vias de acesso, pracinhas, mirantes, fontes e a recuperação do Fuerte Hidalgo, utilizado em eventos culturais, nos dias de hoje. Inicialmente, despido de vegetação, Mackenna ordenou o florestamento do lugar com o plantio de árvores, arbustos e flores transformando-o em um atraente passeio público.
Na entrada, há duas imponentes escadarias que conduzem ao Terraza Neptuno onde há uma linda fonte ao estilo Fontana di Trevi em frente a uma bela construção em estilo neoclássico. Novas escadarias levam a outro terraço, situado um nível acima. Vai-se então ascendendo até o topo do cerro de onde se avista a capital chilena num ângulo de 360º. Conheço, atendendo em um dos quiosques espalhados no interior do parque, a simpática arrendatária de um deles, e conversando com ela soube que, nos idos de 1.800, um dos canhões ali existentes era di
sparado em sincronia com o badalar dos sinos da catedral, situada um pouco mais além, na Plaza de Armas, informando, nessa peculiar maneira, aos santiaguinos a chegada do meio dia. O sistema, explica ela, funcionava postando-se um soldado, no cocuruto do cerro, agitando uma bandeira branca ou vermelha, visível assim por quem era responsável pelo sino da catedral, que, então, iniciaria a badalá-lo. Conta-me, ainda, que a avenida Bernard O’Higgins, mais conhecida como Alameda, já fora um braço do rio Mapocho, posteriormente aterrado. O cerro situava-se, portanto, entre os dois braços deste rio. Saio de Santa Lucia e entro em uma das muitas cafeterias existentes na cidade. O café, bebe-se ao pé do balcão, em formato circular. Serve a bebida uma moça cujo curtésimo vestido de colante malha cor de limão revela formas opulentas. Suas grossas pernas equilibram-se sobre sapatos de altíssimas plataformas. Os homens, atentos ao ir e vir da rapariga, bebericam, sem pressa, seus cafés saboreando o suculento espetáculo da carne jovem. Deve ser uma jogada de marketing pra atrair a clientela masculina, hehehe. O Paseo Ahumada, como sempre, está cheio de grupos de artistas apresentando seus shows. A temperatura amena de ontem cede lugar ao friozinho outonal. Santiago está decididamente se despedindo do verão, e eu da cidade. Hasta la vista Chile!
sparado em sincronia com o badalar dos sinos da catedral, situada um pouco mais além, na Plaza de Armas, informando, nessa peculiar maneira, aos santiaguinos a chegada do meio dia. O sistema, explica ela, funcionava postando-se um soldado, no cocuruto do cerro, agitando uma bandeira branca ou vermelha, visível assim por quem era responsável pelo sino da catedral, que, então, iniciaria a badalá-lo. Conta-me, ainda, que a avenida Bernard O’Higgins, mais conhecida como Alameda, já fora um braço do rio Mapocho, posteriormente aterrado. O cerro situava-se, portanto, entre os dois braços deste rio. Saio de Santa Lucia e entro em uma das muitas cafeterias existentes na cidade. O café, bebe-se ao pé do balcão, em formato circular. Serve a bebida uma moça cujo curtésimo vestido de colante malha cor de limão revela formas opulentas. Suas grossas pernas equilibram-se sobre sapatos de altíssimas plataformas. Os homens, atentos ao ir e vir da rapariga, bebericam, sem pressa, seus cafés saboreando o suculento espetáculo da carne jovem. Deve ser uma jogada de marketing pra atrair a clientela masculina, hehehe. O Paseo Ahumada, como sempre, está cheio de grupos de artistas apresentando seus shows. A temperatura amena de ontem cede lugar ao friozinho outonal. Santiago está decididamente se despedindo do verão, e eu da cidade. Hasta la vista Chile!









Bah...não deu outra! De manhã até não choveu mas como fiquei no hotel até tarde fazendo uma coisa e outra, não usufruí do bom tempo matinal. Agora, 18 horas, a chuva ainda lambe sem piedade as ruas da cidade, enquanto bebo um drink no Pub 1900, bem na esquina da Bories com a Cristobal Colon, meu point durante a breve permanência em Arenas. Estou encarangada após ter feito o city tour abaixo de chuva, vento e frio, por isso nada melhor que um conhaque pra aquecer meu corpitcho. O passeio dura 2 horas e meia e vale, principalmente, pela visita ao cemitério. Uma lástima a chuva não ter dado trégua de modo a permitir que se percorresse, sem pressa, suas aléias enfeitadas com ciprestes europeus podados em formato cilíndrico. O terreno do cemitério foi doado por Sara Braun, imigrante russa que veio para a cidade no final do século XIX. Reservou esta dama, para si, um bom espaço, cercado de gradis de ferro, onde estão plantados centenários pinheiros, ciprestes, louros e plátanos. Num canto deste pequeno parque fez construir um mausoléu, em estilo árabe, de granito e mármore brancos, portas de bronze, esculturas de anjos, tudo muito suntuoso. Há outros, também, ricamente adornados, porém nenhum ocupa área tão grande quanto o de Sara Braun. Há jazigos pertencentes à várias associações como as dos bombeiros, as dos imigrantes croatas, as da armada chilena etc.




Hoje, domingo, acordo tarde, o único compromisso é massagem e banho de ofurô na Mandala Andina. Chove e está frio. Confesso: sinto um pouco de dor de cabeça. Ah, estes embalos de sábado à noite....tsktsktsk! Tomo banho e vou ao spa. O ofurô, enorme, está dentro de uma enorme tenda de plástico onde fico imersa na água quentinha por meia hora. De lá, saio pra ser massageada durante outra meia hora por uma silenciosa mulher que me sova energicamente. Fico papeando um pouco com as duas simpáticas jovens que são donas do estabelecimento. Contam-me que, cansadas da confusão da capital, vieram em busca de uma melhor qualidade de vida, afora a perspectiva de ganharem dinheiro com seu negócio durante a temporada de turismo. Mesmo sem fazer nada, o tempo passa voando. Apesar do adiantado da hora - 6 da tarde - estou, agora, almoçando, ou melhor dizendo, jantando, novamente, no Marítimo. Os pratos escolhidos são bem levinhos. Consiste a entrada em abacate com ostiones mais alface cortada em tirinhas (o abacate daqui é bem delicado, do tamanho de uma pera média e





















