quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

Retornando à casa

Embarco para Buenos Aires, lá arribando no início da tarde. Acomodada num hotel perto da Avenida Corrientes, resolvo ir até São Telmo, bairro pitoresco onde aos domingos acontece uma feira de antigüidades na plaza Dorrego. Embora seja dia de semana, me toco pra lá. Será legal curti-lo exatamente por isso: sem aquele mundaréu de gente que entope suas calles no fim de semana. O fim de tarde está ensolarado e a plaza com suas mesas e guarda-sóis apresenta-se convidativa. Sento-me, um pouco mais adiante, um saxofonista sopra uma música agradável. Escolho uma taça de espumante e um quiche de queijo. Entretanto, as desagradáveis pombas, sem nenhuma cerimônia, pousam às mesas. Sem hesitações, brando a mão, emitindo xôs de repúdio ao nojento bicho. Graças a deus, elas ainda guardam um certo temor reverencial aos humanos, sabe-se lá até quando, é o que me questiono, continuando a enxotá-las sob olhares de censura dos vizinhos de mesa. Nem me abalo, odeio este animal, pensem o que quiserem, não vejo beleza e nem graça nestas aves, ainda mais as urbanas: gordas, balofas, obesas pombas, que nojo! A noite cai e resolvo voltar para o hotel comportadamente, dando por encerrado o dia (embarcarei cedo para Porto), quando ao passar por um restaurante, na calle Defensa, escuto uma mulher entoando nada mais nada menos que Buenos Aires Hora Cero. Nem hesito, me acomodo a uma mesa, e lá fico até o último cliente (juro que não fui eu!), voltando não só embriagada de música como de trago. Termino com fecho de ouro minha magnífica viagem, não é mesmo?

Um comentário:

Anônimo disse...

Está muito bom, continue!