sábado, 13 de dezembro de 2003

Passeio ao Canal de los Témpanos

Embarco num catamarã em Puerto Bandera, localidade distante 45 km de Calafate, com o objetivo de navegarmos ao longo do Lago Argentino, o maior do país, e o terceiro da América do Sul. No barco, enorme, quase cheio, uma balbúrdia de idiomas indica turistas de várias nacionalidades. Chama-me atenção um casal de jovens italianos com dois meninos que não param quietos; enquanto a mãe se afadiga atrás deles, o pai, pachorrento, lê, saca fotos ou admira a paisagem. Há um bar onde são vendidos os inevitáveis snacks, medias lunas de presunto e queijo, afora cafés, refris, cervejas etc. Fico um bom tempo na coberta, apreciando aqueles enormes blocos de gelo, os témpanos, incríveis e fantasmagóricas esculturas flutuando sobre a água verde do lago. Que linda a natureza, gente! Enquanto nos aproximávamos do Glaciar Upsala, a temperatura começa a baixar e tenho de me socorrer de minha jaqueta corta-vento, porém, ainda resistindo em retornar ao interior do barco. Dos glaciares da região, o Upsala é o maior, a parede que finda no lago tem uma altura aproximada de 60 metros! Impactante, de tirar o fôlego, ainda mais pra quem, como eu, está vendo pela primeira vez tal tipo de formação geológica! O barco pára a alguma distância (não dá pra se aproximar muito porque se despreendem constantemente pedaços de gelo de sua superfície), permitindo, assim, aos turistas admirá-lo, e, claro, sacarem fotos, o que fazem enlouquecidamente. Então o barco dá a volta e dirige-se ao Glaciar Onelli, único desembarque permitido no lago Argentino. Descemos na baia Onelli, onde há um restaurante bem simpático. O mais incrível é que o garçom que me atende trabalhara alguns anos em Florianópolis. Não perco muito tempo comendo (a nossa permanência é de apenas 2 horas) e, impaciente, saio pra passear pelas redondezas, me internando nestes bosques típicos dos Andes patagônicos, tão lindos e diferentes de tudo que já vira até então; a luz do sol alaranja as rochas dos morros próximos, lembrando-me o lugar um pouco daquelas paisagens do tempo dos dinossauros. Tudo muito deslumbrante na Patagônia, viram? Pra variar meio que me perco quando ouço a guia me chamando. Com uma cara brabona, admoesta-me, explicando que os passeios naquela zona não são permitidos, porque é de preservação ambiental. Finjo-me compungida, desculpo-me, educadamente, mesmo assim dou, mentalmente, de ombros: nada irá abalar meu encantamento com o lugar! Antes de partirmos, vamos a um ponto da baia de onde se pode avistar o glaciar Onelli, outra massa de gelo a colorir de branco aquele surpreendente lago Argentino. No trajeto de volta vemos de relance o glaciar Spegazzini, cuja característica marcante é sua altura entre 80 a 135 metros. Como podem notar tudo é grandioso nesse trecho da Patagônia!

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