segunda-feira, 8 de dezembro de 2003

El Chaltén

Chego em Chaltén por volta do meio-dia. Apaixono-me de cara por esta vilazinha com pouco mais de 40 famílias, somando 170 habitantes; já na alta temporada totalizam 300 pessoas, em sua maioria jovens, oriundos de outras províncias argentinas, predominando os buenairenses, tendo em vista o salário mínimo oferecido girar em torno de 700 pesos, mais alojamento e comida. Situada no vale do Rio de las Vueltas e considerada a capital nacional do trek, pertence ao Parque Nacional de Los Glaciares, onde também se localizam os famosos cerros Fitz Roy e Torre, objeto de desejo de 9 entre 10 escaladores deste planeta. Largo minha mochila na pousada e vou fazer um breve reconhecimento das redondezas, ciente de que não há pressa nem ansiedade já que a luz do dia estende-se até as 22 horas. Como já estou informada da existência das lagunas Capri, Nieta, Hija e Madre, indago, na pousada, sobre a senda, como é chamada em espanhol trilha, que conduz a elas. De todas as que andei em Chaltén, esta foi a mais barbada (curta, não mais de 4 horas ida e volta). Não tem como errar, é bem demarcada, há setas indicando-as. Sobe-se um morro (nada íngreme) de onde se tem uma bela visão do vale do rio de Las Vueltas e das casas que formam o povoado de Chaltén. Deste povoado saem inúmeras trilhas percorridas por turistas (maioria jovens) de todas nacionalidades, carregando mochilas enormes como se fossem plumas, alguns deles apoiando-se em bastões durante a caminhada. À noitinha, é bacana de se observar aquela filarada de gente descendo o morro com seus passos rápidos, tais quais formiguinhas diligentes, exibindo expressões radiantes e saudando-se uns aos outros com alegres holas, em direção a suas pousadas e albergues. Ao longo do trajeto, florestas formadas predominantemente por uma espécie de faia, chamadas lengas e ñires, apresentam folhas miúdas, com coloração verde-escuro, além de vários arbustos, sendo mais conhecido o calafate cuja fruta vermelha é muito usada para fazer compota. Reza a lenda que quem come seu fruto se enamora do lugar, sempre retornando, ou quiçá se quedando para sempre. Não foi o meu caso já que consegui quebrar o feitiço e voltar para casa, mas que pretendo retornar, ah, isso com certeza farei!

Um comentário:

Anônimo disse...

Pode crÊ bixo!!!