domingo, 11 de junho de 2006

Domingo de feira na Vila

Hoje, domingo, vou com Silvia pra praça onde rola uma feira. Compro um côco e fico bebericando de sua água sentada à mesa do bar Flamboyam num bate papo com Ivana, que vive de vender comida integral e bijuterias. Muito legal, tranqüila demais, Ivana faz parte de um rescaldo do movimento hippie que invadiu a Bahia nos anos 70 e lá se perpetua até hoje. Apesar de jovens, ainda cultivam os ideais de paz e amor, a vida simples em contato com a natureza, sobrevivendo basicamente de atividades ligadas à produção de artesanato e à plantação de verduras e legumes. À tarde dou uma banda até o poço da Cruzinha, lugar bacana que escolho pra tomar um demorado banho no rio Bombas. Lá me distraio com Micael, um garotinho de uns oito anos muito ativo, cuja diversão é se jogar no rio pulando de um tronco de árvore situado a sua margem. Passa o tempo todo nessa incansável atividade enquanto lá permanece junto com sua mãe (ele me convidou pra pular junto com ele, o queridinho, eu quase fui, mas depois me deu preguiça e desisti). Falo pra ele que parece um macaquinho empoleirado no tronco da árvore e ele responde, todo feliz: “meu apelido é Macacael.” Voltamos juntos os três até um pedaço do caminho quando então eles dobram numa estradinha que conduz até a casa onde moram. Nos despedimos e a mãe de Micael me convida pra ir visitá-los. Fico vendo eles se afastarem e então retomo a caminhada de volta à vila. Passo pelo Circo do Capão e entro. Há umas crianças deitadas num colchão assistindo a um filme projetado num grande telão armado no picadeiro. Fico por ali um pouco curtindo o astral do lugar e o lindo fim de tarde ensolarado. Durante o trajeto encontro no caminho dois homens que seguem a pé atrás de um jegue em cujo lombo estão dispostas duas canastras com víveres. Na pousada quem hoje atende é Batman, marido da Silvia, já que é seu dia de pagar turno de trabalho. Como já estamos no sagrado horário da happy hour peço um conhaque. Eu havia, há não muito tempo, descoberto quão gostoso sabe este destilado, assim o elegi como a “bebida” durante minha permanência na Chapada. Sempre escolho, quando a passeio, uma bebida. Sei lá por quê, dessa vez, foi conhaque, talvez porque não houvesse vinho na pousada, minha bebida preferida. Pois não é que faço escola! Silvia aderiu de bom grado tanto que, quando é ela quem atende na pousada, já traz dois copos, um pra mim, outro pra ela. Batman põe um som maneiro na vitrola, e eu fico olhando o perfil das serras já sendo encobertas pela noite que desce rapidinho sobre a vila enquanto bebo aos golinhos meu conhaquito. Batemos um papinho preguiçoso, como sinto um pouco de fome vou até a praça, onde me sento pela segunda vez no dia a uma mesa do bar Flamboyam onde devoro dois deliciosos bolinhos de queijo. A lua cheia ilumina as ruas da vila e os pirilampos emitem aquela luz esverdeada que vista de longe parece branca. O cricrilar dos grilos é o único ruído gostoso da noite, não quero outra vida....eita mundão bom!

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