quinta-feira, 8 de junho de 2006

Gruta do Castelo

Hoje é dia de conhecer a gruta do Castelo situada no topo da serra da Lapinha. Equivocadamente chamada de gruta, ela é, na verdade, uma caverna, aliás, considerada uma das maiores de quartzito do Brasil. O dia, como o anterior, está lindo, nuvens esparsas aqui e acolá, insuficientes, porém, para nublar o sol. Eu mais Marivaldo subimos por uma trilha aberta em uma das encostas do morro, bem íngreme, cuja duração foi de mais ou menos 2 horas. Vejo de relance um macaquinho pendurado em uma árvore com uma mancha branca na testa. Marivaldo tenta atraí-lo colocando uma banana num galho da árvore em que ele se encontra; arisco, não se aproxima da fruta, pelo menos enquanto nos encontrávamos no local. Certos trechos me lembraram as pirambeiras que levam aos canyons de Praia Grande-SC devido a pedras enormes que se encontram no caminho. Alcanço o topo e respiro fundo enquanto admiro a bela paisagem que se descortina abaixo de mim. Marivaldo chama minha atenção para a bifurcação existente na caverna, informando que iremos primeiro percorrer a galeria maior e depois a menor. Ajeito a lanterna de testa pois sei que vou precisar dela lá dentro do buracão. Depois de quinze minutos de caminhada, avisto luz indicando o fim do túnel. Avisto então um ângulo do Pati que se situa à leste do Morro do Castelo. Retornamos e entramos na outra galeria de onde posso observar o lado oeste do vale. A vista é belíssima e o sol continua firme e forte. Escalamos então umas rochas até atingir um terraço no topo de uma delas. Enxergo, lá adiante, entre a espessa vegetação, a cachoeira do Calixto. No seu topo percebo um largo e extenso lajedo de onde despenca a queda d’água, formando sucessivos degraus até o fundo do vale. Fico lagarteando e escutando o zumzumzum dos insetos depois de comer um lanchinho. Estou a 1.580 metros do solo, quer coisa melhor que isso? Em frente, o morro Branco, uma linda formação rochosa recoberta de verde em 2/3 de sua superfície, apresenta o topo despido de vegetação, daí o seu apelido. Quando retornamos, encontramos, na entrada da caverna, um grupo de três pessoas que estão chegando. Um garoto, o guia, troca algumas palavras com Marivaldo e logo cada grupo toma seu rumo. Agora estou sentada em frente a casa de Dona Maria que ainda não retornou da Guiné para onde foi com seu Wilson na quarta-feira. Nara está na cozinha preparando a janta. Vai ser servido, entre outros pratos, mamão verde refogado. O fim de tarde está muito legal: o sol incindindo no morro do Castelo ressalta o tom avermelhado de sua rocha sedimentar, os galos com seus cocoricocós ciscam no quintal, a água rumoreja no leito do rio Pati que passa ao largo da casa, ao passo que algumas nuvens ainda livres do reflexo avermelhado do sol poente tingem de branco o azul do céu. Eis que vejo chegando seu Wilson e Dona Maria cada um puxando um jegue com mantimentos comprados em Guiné. Os animais levam em ambos os flancos duas grandes bruacas (bolsas de couro) penduradas num gancho de madeira que sai de uma manta de couro posta em cima de seus lombos. Rapidamente, os dois levam as bruacas pra dentro de casa. Mas o movimento continua, porque entram no terreiro as três pessoas que  encontrara no alto do Morro do Castelo. Dirigem-se as suas barracas montadas no terreiro da casa e voltam de lá em trajes de banho. Querem curtir um mergulho antes da janta no rio Pati. Convidam-me, como a temperatura caiu bastante e já se sente o frescor da noite, recuso. No ar, o único ruído são os ecos da alegre conversa deles andando pelo carreiro que conduz ao rio. E a lua praticamente cheia dá as caras entre as serras do Pati.

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