terça-feira, 6 de junho de 2006

Do Bomba à Ruinha

Saio da pousada às 09:50, muito bem acomodada na Land Rover conduzida por Silvia até a vila do Bomba, poupando assim quase 2 horas de caminhada. De Bomba, eu e Marivaldo, subimos até o vale do Capão e o atravessamos no sentido norte-sul por um bom trecho. Nova subida até atingir os Gerais do Vieira, uma extensão de 10 km de colinas, banhadas pelos rios Ancorados e da Lapinha. Escondidos, no meio da vegetação, poços e cachoeirinhas aguardam o caminhante que queira se refrescar em suas águas limpas e tranqüilas depois da árdua pernada. Diante de meus olhos a brisa ondula suavemente um belíssimo capinzal de coloração dourado-avermelhada. O dia está perfeito, a temperatura amena de inverno é ideal pra se caminhar. Começamos a descer para entrar no Vale do Pati e durante o percurso aprecio várias formações rochosas impressionantes como o morro do Castelo que separa o Gerais do Vieira do Pati de Cima. Há também o morro do Mané Vitor e a Serra da Lapinha só pra citar algumas formações rochosas interessantes que se destacam nesta parte do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Chegamos em Igrejinha ou Ruinha, antigo vilarejo do Vale, onde agora só resta uma pequena capela, a do Senhor do Bonfim, uma casa, uma vendinha e dois banheiros, comércio explorado por João, homem de seus 38 anos, filho de Seu Gasparino, que atende pelo apelido de Dodô ou Dô. Nos acomodamos na casa, uma construção pra lá de simples: uma peça grande onde num canto há um fogão de tijolos. É lá que Marivaldo prepara nossa janta, uma massa com legumes. Luz elétrica nem pensar, portanto, acendemos algumas velas. Seu Dô com seus passos lentos e gestos econômicos, evidenciando seus bens vividos 80 anos, traz os colchões e alguns cobertores que estendemos no chão de cimento. Após a janta, sento-me à soleira da porta e fico admirando o contorno das serras ao meu redor. Não quero mais nada da vida neste mágico momento, apenas viver e viver, precisa mais, hein?

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