terça-feira, 13 de junho de 2006

Dia de Copa na Vila

Em tempos de Copa, a vila do Capão só pensa no jogo Brasil x Croácia. O dia amanheceu nublado e garoando. O mau tempo que ontem se instalara sobre a região parece que vai permanecer mais um dia. Saio pra dar uma banda e observar como estão os ânimos do povo do lugar, antes de ir à casa de Silvia que, amavelmente, me convidara pra comer uma carne e assistir ao jogo em sua casa. Sento à soleira da porta de uma casa que vende pastéis de jaca e peço um pra provar. Uma delícia tanto que peço outro assim que acabo de comer o primeiro. Continuo por ali terminando meu segundo pastel de jaca com queijo enquanto curto os preparativos dos habitantes para o jogo num vai e vem animado pela rua principal e cruzando a praça pra lá e pra cá. Iuri, o filho mais moço de Silvia, passa por mim e indago se não vai assistir ao jogo na casa de sua mãe. Ele responde com uma negativa, esclarecendo que prefere assistir ao jogo no restaurante Flamboyam, porque segundo parece será colocado um telão (depois fiquei sabendo que o tal telão na verdade era uma tv 29’'). Como a garoa não dá trégua vou até a pousada pegar uma capa e me mando pra casa de Silvia distante da Vila uns dez minutos. Em lá chegando, encontro-a alegremente fritando com uma mão a carne enquanto com a outra segura o neto, Tito, apoiado em sua ilharga. Diz que não tem paciência pra assistir jogo na televisão, prefere ficar na cozinha fazendo comida pra nós. Já se encontram na casa, Maria Clara, nora de Silvia, casada com Tassio, dono da única casa de informática do lugarejo. São os pais de Tito. Batman bem nervoso não sai da frente da tv, falando mal de Parreira. Há também um casal vindo de Salvador, Mayara e Fabio, amigos de Clarinha. Silvia avisa que a comida está pronta: uma bela picanha com farofa e salada de tomate e cebola está servida sobre a mesa da sala de jantar. Cada um faz o seu prato e sem perda de tempo vamos pra frente da tv porque o jogo irá iniciar já já. Escutam-se os acordes finais do hino nacional e assanhados nos sentamos para apreciar a partida cheios de expectativas positivas. Terminado o jogo, danados da vida com a partida medíocre, já numa antevisão da performance pífia do Brasil durante a Copa, vamos pra pousada. Bat me prometera que tocaria violão e cantaria já que no dia seguinte eu estarei indo a Lençóis. Foi boa demais minha despedida! Aparecem Palito, um dos homens mais meigos que já conheci e João, tocador de triângulo, bebedor contumaz de abaíra, a cachaça local. Rola o maior som. Eu e Palito voltamos a dançar forró pra lá de animados na sala da pousada. Supimpa o fandango que se estende até as 23 horas, quando então Silvia avisa que a festa tem de terminar porque amanhã todos precisam acordar cedo. Droga, pra meu pesar terminou o que era doce...snif, snif. Foi bom demais o nosso forró pé-de-serra, só faltaram a zabumba e a sanfona, porque de triângulo e violão estávamos bem servidos com o João e o Bat!
Claro está que nesse dia tomei um tragoléu dos bons! Desperto, entretanto no dia seguinte numa boa, quase sem vestígios de ressaca. Basta pôr o pé na estrada que o leve desconforto se esvai entre as serras que me rodeiam.

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