quarta-feira, 14 de junho de 2006

Trilha Capão-Lençóis

Parto de Caeté às 09:30 com Alexandre, o guia, um rapaz de 19 anos, gente finíssima. É voluntário na brigada antiincêndio da Vila, combatendo o fogo que volta e meia se alastra e destrói bons trechos do cerrado. Vamos de moto até a comunidade alternativa Campinas onde ele vive com sua família. Esta comunidade desenvolve um trabalho de recuperação da região, muito degradada, cultivando agricultura orgânica e apicultura. Depois de ele me mostrar o herbanário, apresenta-me a sua mãe com quem converso um pouco. Pomos o pé na estrada e o caminho vai-se revelando belíssimo. Dentre as variedades de flores chama-me a atenção uma de coloração roxa: é o candombá, um arbusto que produz uma resina muito inflamável usada para acender o lume nos fogões, bem como o responsável, infelizmente, por muitas queimadas no cerrado. Confunde-se para os leigos com a canela de ema, se bem que esta tem o caule espinhento. Orquídeas, bromélias e cactus crescem entre a infinidade de rochas sedimentares estratificadas. A paisagem é deveras linda. Embora longa, a trilha é fácil, sem grandes subidas ou descidas, uma barbada. Chegamos em Lençóis às 15:40, desvairados de fome. Não é que os boca-abertas aqui haviam esquecido de levar lanche?! Convido Alexandre pra comer algo e paramos então numa lanchonete antes de eu ir pra pousada do Alcino onde ficaria hospedada durante minha estadia na cidade. Se comparada com a Vila, Lençóis é uma “cidade grande”, bonita com seus casarios antigos, dividida em dois setores pelo rio Lençóis, unindo-os uma ponte de pedra. As ruas estreitas são calçadas de pedras irregulares. O rio escorre pelos lajedos de cor avermelhada onde lavadeiras costumam lavar trouxas de roupa em suas águas. Como todas as cidades do nordeste, nessa época do ano, Lençóis apresenta-se embandeirada nas cores verde e amarelo pra comemorar, não só as festas juninas que estão prestes a acontecer, como também a Copa do Mundo. Pela primeira vez na Chapada não uso agasalho à noite, faz um calorzinho legal que dispensa o uso de jaqueta. Dou uma banda na cidade e encontro Felipe e Mariane comendo acarajés em frente a uma carrocinha localizada numa rua transversal. Peço um também e ficamos batendo papo. Combinamos, então, fazer o passeio de amanhã juntos. Despeço-me do simpático casal e retorno à pousada. Trata-se de um antigo casarão, em estilo colonial português, pintado de amarelo com quatro janelões pintados em cor azulada; a entrada, lateral, é através de um patiozinho. Um jardim lateral resguardado por um belo portão de ferro trabalhado, também em coloração azulada, exibe um gramado verde super bem tratado onde crescem muitas folhagens e várias árvores, entre elas uma bela palmeira com suas folhas que lembram leques gigantescos. Nos fundos da casa, um belo alpendre onde sofás, poltronas e redes convidam o hóspede a se afundar, preguiçosamante, desfrutando tais conforto. Além do alpendre, encontra-se o ateliê de Alcino onde são fabricados azulejos decorados com lindos desenhos pintados a mão. É um aconchego só esta pousada!

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