quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Tiger Nest

Um cachorro histérico ladrou boa parte da noite num beco ao lado do hotel....arre!! Adoro estes animais mas quando se param a latir, são insuportáveis! Despeço-me de Timphu, a organizada e limpa capital do Butão, pois dormirei em Paro já que amanhã estou zarpando pra Kathmandu de onde parte meu vôo pro Brasil. A pedida de hoje é visitar o Tiger Nest, situado nos arredores de Paro. O dia amanhece lindo! Iniciamos a caminhada quase 11 da matina e a temperatura cálida, após 30 minutos de caminhada, faz até com que eu transpire! O desnível a enfrentar não é pouca coisa, não: perfaz 680 m. Tudo porque o monastério encarapita-se sobre o pequeno platô dum flanco de montanha, a 2.900 m. Fico só imaginado a trabalheira que deu construir este monumental prédio, literalmente, encravado na rocha, à beira dum precipício que se inclina sobre 700 m de vazio. Um espanto, realmente! A trilha atravessa um pinheiral em que as cores outonais tingem de ferrugem e bordô algumas árvores do bosque. Alcançamos o primeiro mirante onde, diante duma grande roda de oração, turistas, sentados em bancos, estrategicamente dispostos, descansam. O lugar se mostra embandeiradíssimo! Troco uma idéia com as mulheres. Inglesas, são bem simpáticas. Uma delas pergunta onde comprei meu chapéu, e discretamente, indaga o preço. Continuamos a subida e Jamyang começa a me atormentar pedindo mais pressa porque o mosteiro fecha às 13 e já são 12 e 30. Ai meu deus, não mereço esse tipo de pressão!! Que guri chato! A subida termina justo no segundo mirante a 3.080 m de onde se vê o Tiger Nest, situado mais abaixo. Um colosso de construção. Embasbaca qualquer um! Desce-se então uma escadaria, protegida por um corrimão engalanado profusamente pelas coloridas bandeirolas de oração, que termina no portão de entrada do edifício. Um pouco antes do templo, uma queda d’água torna o ambiente úmido e frio. Tanto que sou obrigada a vestir minha jaqueta forrada de pele. Já no interior do templo, minha paciência (admito que não sou das mais santas) é posta à prova quando Jamyang, naquela cantilena de guru Rinpoche pra lá e guru Rinpoche pra cá, faz com que eu tente abreviar o tal falatório. Qual o quê! O franzino rapaz se envareta e me chama a ordem com ar severo...pode? Hahaha!! Explica que tem de terminar a explanação. Reviro os olhos e resignada faço ar de que estou prestando atenção. Com ½ orelha, hehe. A única informação que retenho é de que o Tiger Nest, 2º monastério fundado por Rinpoche, foi, em 2000, consumido pelo fogo duma lamparina, e restaurado em 2009. Visito apenas um dos 4 templos existentes em seu interior. Numa boa, já tô de saco cheio de tanta igreja mesmo que seja budista. Afora isso, este ritmo de turismo CVC a que Jamyang me submete faz com eu perca em definitivo a tesão! Hospedada no Tashi Namgey Resort, onde fiquei quando cheguei em Paro, despeço-me de Jamyang que parte amanhã prum trekking de 4 dias. Apesar de sua atitude "profissional” e do treme que tive com ele, gostei do guri!

Na quinta-feira, escutando a bela e triste canção de amor butanesa enquanto o tranqüilo Pema dirige até o aeroporto, já sinto saudades deste país cuja hospitalidade genuína brota de mentes e corações de bem com a vida. Lágrimas discretas afloram em meus olhos. Já no check in rola a maior confusão. E tudo por causa de Jamyang!!Eita guri avoado!! Marcou meu vôo pras 8 da manhã quando na verdade foi agendado pro ½ dia!! Depois de algum estresse e conversê suado com o supervisor da Druk Air consigo embarcar pra Kathmandu. E durante a breve viagem de uma hora, vejo a visão estonteante do Himalaia com seus 8 e 7 mil, incluídos aí o Everest, Lhotse e Kanchenjunga. Uma dica: tal cenário é possível de ver caso seu assento seja o da esquerda. Já em Kathmandu, pego um táxi, embarcando também um sujeito chato pra caramba. Dono duma das trocentas agências que pululam na cidade, entrega um cartão quando salta do veículo. Oxalá, os butaneses não adquiram sses trejeitos tão irritantes exibidos pelos nepaleses! Apesar disso, gosto muito de Kathmandu. Nos terraços dos prédios, há um mundo paralelo. Tudo é possível nessa suja, caótica e inextrincável cidade. Becos que levam a lugar nenhum e a qualquer nirvana. É só desejar e se aventurar. É o que faço após beber algumas doses de rum (comprara uma garrafinha à tarde). Incitada por um som que tocam em algum lugar, resolvo descer e procurar onde rola a tal sonzeira. Minha primeira escapada noturna pra conhecer a noite nepalesa. Assim, chego ao Foley’s Pub onde uma banda toca clássicos do rock’n roll. O bar situado num terraço tem cantos e recantos super convidativos. Um barato! Fico ali até acabar o show. Dia seguinte, acordo com uma leve ressaca. E assim despeço-me da Ásia, hehe

2 comentários:

Paulo Roberto - Parofes disse...

Que lugar impressionante Bea...a primeira foto chega a ser capa de revista. Como esse mundo tem lugares fantásticos...

Fabrício Viagens disse...

Um lugar para tirar o folego, a Ásia pode oferecer destinos tão maravilhosos e extraordinários quanto sua própria cultura. Parabéns pelo Post.