23/04/2017 a 25/-4/2017 – Domingo a
Terça-feira – 9º ao 11º Dia de Trek Annapurna BC – Jhinudanda – Landruk –
Pothana – Kande - Pokhara
Saímos
às 7:30 de Jhinudanda com tempo nublado que assim permanece até a Tibete Guest
House, em New Bridge onde paramos prum chá. Viciada na combinação de limão com gengibre, peço esta deliciosa mistura. Como estamos retornando pelo mesmo caminho não há novidades ao
longo da trilha. Minha atenção se prende então a pequenos detalhes: duas
cascatas e densíssimas touceiras de samambaias em ambos os lados da trilha já que
na ida nossa visão é monopolizada pela visão frontal dos monumentais Annapurna
South e Hiunchuli. Um rebanho de cabras – como são lindos esses animalitos!! - descansa
no gramado rente à estradinha enquanto os pastores, numa barraca improvisada
com lona, comem algo. A pernada não dura
nem 3 horas porque às 11 já estamos na pousada, em Landruk. Sua dona é alegre, rechonchuda e
comunicativa ao contrário do marido, homem de poucas falas. Percebo que ela é hindu
e casada pelo ponto vermelho pintado no meio de sua testa. Ela mesma prepara as
refeições dos hóspedes e seu dal bhat acompanhado por 2 tipos de verduras,
batata ao curry e casquinha feita com trigo é muito gostoso, talvez o melhor de
toda a minha estadia no Nepal. Produtora de raksi, ela faz questão de mostrar
seu alambique, explicando orgulhosamente todo o processo de fabricação. O tempo
continua nublado e chuvisca vez por outra. No lado de lá do rio, diversas vilas,
uma delas com um monastério budista, espalham-se pelo flanco da montanha. A então fina garoa que caia, mansa e
timidamente, vira chuva da grossa e pouca demora a espessa cerração encobre
toda a paisagem. O tamborilar da chuva no telhado de zinco soando ora mais pesado ora
mais leve e o movimento de vai e vem dos galhos das árvores denunciando a força
do vento, faz com que eu me congratule por estar abrigadinha neste lodge tão simples quanto acolhedor e não na
trilha enfrentando tal intempérie. Assim como veio, a chuva e a cerração somem,
como num passe de mágica. Restam apenas nuvens pairando em meio às encostas. Saio
do refeitório onde estava até então, protegida do mau tempo, e começo a curtir o
lindo jardim da pousada. Na longa varanda, diante da qual os quartos se dispõem, vasos rentes ao chão e outros pendendo de ganchos do teto contêm variedade
de flores de encher os olhos. Algumas existem no Brasil como cravinas,
gerânios, brincos de princesa e begônias. Outras, entretanto, nunca vira antes.
Os nepaleses adoram flores motivo por que é muito raro as casas não terem
vasos de flores diante de suas fachadas. Convido Bishow pruma rodada de raksi e
Nurbu pra comer pipocas. Meu adorável guia, que exala pura gentileza, liga o
rádio do celular numa estação de música nepalesa. A melodia da canção e as
luzes acesas das casas na vila de Syauli iluminam a encosta em frente como se
fosse uma gigantesca árvore de natal. Putz, bom demais estar aqui!! Vontade de
largar tudo e morar no Nepal! Os dois últimos dias do trek, pra ser sincera,
não deixaram muita impressão nesta senhorinha. A um, porque a paisagem
espetacular, vislumbrada no interior do canyon do rio Modi, ficara
pra trás, só restando agora os contornos de South Anna e
Hiunchuli a nossa retaguarda; a
dois, porque, em sendo fim de viagem, se retorna por lugares já conhecidos que não mais surpreendem pelo ineditismo. Por mim, teria
abreviado o trek em um dia, retornando direto de Landruk a Pokhara considerando
o baixo nível de dificuldade da trilha que poderia ser feita em tranquilas 6
horas. Entretanto, pernoitamos em Pothana e de lá descemos a Kande, retornando
a Pokhara onde permaneci deliciosos 5 dias. Sobre isso, contudo, discorrerei em nova postagem. Se me perguntarem qual trek (Everest BC ou Annapurna) é o mais lindo, respondo: ambos são belíssimos, mas do que mais gostei, foi o do Annapurna. Por quê? Devido à variedade de paisagens que vai da exuberância das florestas subtropicais à gelidez nevada das altas montanhas. Hasta la vista montanhas, me aguardem, pois voltarei, com certeza!!
2 comentários:
Que bacana Bea, me diverto e me encanto com os seus relatos e vídeos!Que simpático o seu guia e quantos caminhos de pedra lindos neste retorno. Adorei!
Fantástico
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