Pokhara, capital da região oeste do Nepal e a 200 km de Kathmandu, é a terceira cidade
mais populosa do país, com mais ou menos 400.000 habitantes. Tem um próspero
parque industrial fora da vista dos turistas que se aglomeram nas áreas
turísticas de Damside e Lakeside onde há restaurantes, lojas e hotéis pra todos
os gostos e bolsos. Retorno à Guest House North Star, porque gostei do ambiente
familiar, em especial de Namrata e Mina, respectivamente, cunhada e mulher de
Narayan, dono da pousada e da Trek Around Nepal, agência responsável pelos meus
2 treks. O preço convidativo de 10 dólares também influi na
escolha. Dessa vez,
Mina me acomoda numa suíte com dormitório, sala, cozinha e banheiro.
Embora pertíssimo
das agitadas ruas do Lakeside, a pousada fica numa tranquila rua, longe
da
zueira. Pra meu delírio, Mina me convida no meu último dia na cidade pra
um autêntico casamento hindu duns amigos dela. A cerimônia religiosa
dura 4 horas e eu enlouquecidamente fotografo e filmo tudo!! Pokhara tem
temperatura agradabilíssima, calor durante o dia e, à noite,
uma bem-vinda friagem por estar situada a 800 metros acima do nível do
mar.
Durante os 5 dias em que permaneço nesta agradável cidade cujos ares de
balneário
se devem a sua preciosa localização à beira do lago Fewa, estabeleço certos
hábitos. Desfruto meu desjejum num café diante do lago em companhia de Silvia,
a italiana que conhecera durante o trek do Everest, e Richard, um americano de
½ idade, aproveitando o dolce far niente dos aposentados. Lá permaneço o resto
da manhã jogando conversa fora e curtindo o movimento dos nepaleses que passam
de lá pra cá e de cá pra lá. Destacam-se entre as colegiais uniformizadas, os cabelos
das meninas caprichosamente trançados e enfeitados com laçarotes de fita branca,
o insistente vendedor de côco em fatias, as vendedoras de verduras carregando as
mercadorias em cestos de palhas às costas, duas tibetanas sempre sorridentes oferecendo
bijuterias que tiram das mochilas, mulheres com saris coloridos empunhando
sombrinhas pra se protegerem do sol, enfim, um mundaréu de gente que caminha na
avenida à beira do lago, e como não poderia deixar de ser, cachorros
e vacas desfilam também diante de meus olhos encantados com tanto exotismo. Foram dias de céu limpo, sem vento, salvo dois
dias de rápidas e fortes chuvas antecedidas por nervosas ventanias. No lago,
barcos movidos a remo e a motor transportam não só turistas como nepaleses dum
ponto a outro da cidade. Paraglidings colorem o céu balançando ao sabor das
térmicas sobre o lago Fewa. Mulheres lavam roupa à beira do lago ao lado de
homens que pescam. Não vejo nenhuma mulher dirigindo carro, mas em compensação
são umas divas manejando suas scooters pelas ruas de Pokhara. Vontade deu de
pedir pra dar uma banda com uma delas! Descubro a rua das bancas de frutas e de
grelhados e lá me esbaldo, comprando suculentas mangas e maçãs além das deliciosas uvas sem
sementes. Me torno fã de tandoori chicken acompanhada de espetinho de batatas
assadas, levemente crocantes por fora. As comidas nepalesas são um capítulo à
parte. Provo jery (doce frito feito com farinha de trigo) mas acho sem
graça, adoro o panipuri (crocante casquinha de trigo recheada com pedacinhos de batata), mas não arrisco no patota chup
(bolinho de batata empanado com farinha de trigo) porque não posso alimentar em
demasia meu colesterol, contudo o chat (bolo salgado
feito com feijão branco e batatas acompanhado de fatias de cebola, tempero
verde, açúcar e mel) aprovo porque bem mais saudável. Embora fritura, não há
como resistir à samoza (pastel cuja massa é feita com farinha de trigo e
recheado com batata) que vai bem com uma cerva geladinha. E claro me esbaldo
nos momos (trouxinha de farinha de trigo que pode ser frita ou no vapor,
recheada com verduras ou galinha) que mergulho naquele picante molho de
pimenta. À noite, as águas do lago refletem as luzes verdes, amarelas e
vermelhas que enfeitam muitas das residências cujo estilo é pra lá de cafona,
com colunas imitando troncos de árvores. Passear pelas ruas tanto de dia quanto
à noite é uma tranquilidade. O máximo de assédio se manifesta na curiosidade de
alguns nepaleses perguntando o inevitável "where are you from". Quando
sabem, contentes com seu conhecimento sobre o Brasil, exclamam "football,
Ronaldo, Pelé" e por aí vão citando nomes de jogadores brasileiros que nem eu conheço.
Uma cidade que exibe num restaurante a inscrição “being happy is a habit. Choice is yours!” só
pode proporcionar bem estar, não é mesmo?
Um comentário:
Que oportunidade boa para conhecer melhor a cultura do local com este inusitado convite de casamento! Bem bacana essa vidinha nepalesa....capaz da minha amiga ir de muda para o Nepal! Tudo é possível!
Ah! e o ditado eu amei, já vou postar lá no meu facebook!
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