01/05/2017 a 04/05/2017 – 2ª a
5ª feira - Chitwan
Curiosa
por conhecer um Nepal pouco frequentado por montanhistas, galera que só quer
saber de subir e descer montanhas, resolvo desfrutar os poucos dias que
ainda tenho no Nepal, não em Pokhara. Por isso, me mando pro sul do país, pra
Chitwan, distante 150 km. Dou adeus à adorável
Pokhara e lá vou eu sacolejando 7 horas num daqueles desconfortáveis
busões nepaleses, sem toalete, tudo pra visitar o Parque Nacional Chitwan.
Considerado o mais antigo do Nepal, ocupa 932 km² de área e sua vegetação,
tropical e subtropical, entremeia savanas e florestas. A jungle como eles dizem não se parece nem com
nossa mata atlântica tampouco com a amazônica. Reduto de fauna e flora riquíssimas
destacam-se 600 espécies de aves, macacos, 5 tipos de veados, crocodilos, rinocerontes,
leopardos, tigres de bengala e elefantes. O clima nesta época do ano, primavera, é
quente e úmido. Pago pelo pacote de 4 dias, com hotel, refeições, passeios e
traslado Pokhara-Chitwan-Kathmandu 150 dólares. Acho o preço justo e o hotel
embora nada luxuoso é confortável: meu quarto amplo com ar condicionado, tv de
plasma e banheiro privativo, tem um lindo mosquiteiro cor de rosa sobre a cama.
Entro pela parte leste do parque onde, à beira do rio Rapti, situa-se a vila de Sauraha cuja etnia local é
a tharu. Apesar de suas águas cálidas e rasas, o Rapti
não é confiável para banho devido aos crocodilos que vivem em suas margens,
imóveis, se confundindo com a lama. Eu adoro essa incursão na selva nepalesa,
porque até então só conhecia a região do Himalaia. Óbvio que não cai no meu gosto
o tal safari num jeep com outros turistas. As 4 horas sacolejando no
desconfortável veículo na tentativa de avistar animais são cansativas, e afora bandos
assustadiços de veados tipo bambi, alguns macacos guinchando nos galhos das
árvores e 3 rinocerontes, tudo meio encoberto ora pelo alto capim ora pelos
galhos das árvores, nenhunzinho tigre de bengala (eu queria tanto ver esse gatão!) cruza nosso
caminho. Já a pernada no meio da floresta, com todos em silêncio, de biquinho
calado pra não afugentar os animais, curto bastante. Uma delícia também, no
final da tarde, o passeio de canoa no rio cujas plantas aquáticas floridas
colorem de lilás a superfície da água. Atrás das colinas de Someshwar, o sol se
põe preguiçosamente deixando um rastro violáceo no horizonte. E um cheiro bom
de erva-doce paira no ar exalado pela vegetação. Contudo, o ponto alto dos meus
3 dias em Sauraha, o fecho de ouro da minha estadia no Nepal, é o passeio que faço
no lombo do elefante levado por seu mahaut (treinador e cuidador) seguido dum
banho no rio. Bem refestelada no dorso do paquiderme, ele, a uma ordem do
mahaut, enche a tromba de água e a borrifa sobre mim. Dou gritinhos de pura
felicidade, tal qual uma criança deslumbrada. Mas não pára por aí o prazer proporcionado
por esse meigo animal. O modo como ele olha pra mim é impressionante: o pequeno
olho ornado por ralos e longos cílios me encara, me inspeciona, profundamente, como
se quisesse gravar minha fisionomia forever em sua retina!! Comprovo, assim, pessoalmente,
a incrível capacidade de armazenar informações dos elefantes pela mirada raio-x com que fui agraciada. Agora, tenho a certeza de que ele sempre se
lembrará de mim! Como eu dele! Namaste
Nepal!! Danebad por tudo!!
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