quarta-feira, 16 de abril de 2014

Thimpu, a capital do reino

Acordo cedo já que hoje iremos a Thimpu onde pernoitaremos. O café da manhã é aquele almoço: ovos fritos, lentilhas, cogumelos. Ainda bem que há maçã e melancia, além de torradas, mingau, mel e geleia. Terminada a refeição, lá vamos nós pela estrada que liga Paro a Thimpu, capital do Butão. Estas duas cidades são as maiores do país. A primeira conta com 70 mil habitantes e a segunda com 150 mil. A sinuosa rodovia está bem conservada. O governo faz questão de mantê-la em bom estado já que em Paro se encontra o aeroporto internacional. Na metade do caminho, já consigo ver, 30 metros mais abaixo, o leito raso e pedregoso do rio Thimpu. Pema pára numa venda de beira de estrada. Melancias, molhos de aspargos bem verdinhos, sacos de arroz, de pimenta, de laranja e de flocos de milho, além dum queijo feito com leite de yak, cortado em quadradinhos, feito balas, e enfiados num cordão formando um colar! As maçãs que Pema queria comprar estão em falta. Quando chegamos à periferia de Thimpu, observo uma visível expansão imobiliária desde que aqui estive há 2 anos. Muitos edifícios novos de moradia e outros em construção. Sinais de crescimento econômico ou êxodo da população rural para a capital? Já no hotel, aguardando na recepção que finalizem a limpeza do quarto, Pema – que fofo – me entrega uma bela e lustrosa maçã. Mordo com prazer a fruta, deliciosamente, sumarenta. Enquanto ele busca a bicicleta que aluguei, aproveito e organizo algumas coisas no quarto. Não dá ½ hora, Pema retorna com uma Trek. Percebo que o quadro é grande pro meu tamanho e os freios são Vbrake. Quando Pema nota que o banco está alto, pede chave de fenda prum dos caras do hotel e o rebaixa de modo que fique mais confortável a pilotagem da bici. Poxa, aluguel de bicicleta não é barato em parte alguma. Em Arequipa e aqui o preço foi o mesmo: 50 doletas. Meu propósito é pedalar até a colina onde está a grande estátua dourada de Buda, lugar que não conheci em 2011. Como não conheço o caminho, Pema me acompanha parte do trajeto seguindo a frente com o carro. Quando faltam 4 km para o topo do morro ele retorna e eu sigo. A subidinha é bem mais fácil do que eu imaginara. Embora esteja mal dormida (fuso horário de 9 horas a mais em relação ao Brasil), altitude de 2.300 m e bici incompatível com meu tamanho, sigo faceira estrada afora parando 2 vezes para sacar fotos. Lá pela metade da subida, numa das tantas curvas da sinuosa estrada, desponta a cabeçorra de Buda, motivo para novas fotos. No alto da colina, um vento forte me corre rapidinho da enorme arena onde a magnífica estátua dourada de 51 metros foi construída. Ponto de peregrinação de budistas de todos os locais do planeta, encontro vários indianos visitando o local. Tem-se uma bela visão do vale onde Thimpu se localiza, esparramada no sentido norte-sul. Na descida, não largo os freios porque além de cagona estou sozinha. A estrada lembra-me muito a do rio do Rastro com suas curvas em cotovelo (http://connect.garmin.com/activity/496246644). Consigo retornar ao hotel com relativa facilidade embora tenha abordado 3 transeuntes pra perguntar a direção correta. O bom é que os butaneses da nova geração falam inglês. Como não faço questão de comer outra comida que não a da terra, Pema me leva a um restaurante onde só servem comida butanesa. Enquanto subimos os 3 lances de escada, sinto, vindo duma loja situada no térreo, desagradável odor de peixe seco, odor esse que viria a sentir em outros lugares por onde passei mais tarde. Após o almoço, compritchas, que ninguém é de ferro. Além de encomendas, lembrancinhas pra parentes e amigos. Após as compras, volto ao hotel e de lá não saio mais. O quarto com banheiro é bem confortável. Tem até TV de tela plana e geladeira. A janta é bem gostosa. Pela primeira vez, a sobremesa não é fruta, e sim creme de iogurte com biscoito. À noite, enquanto estou trabalhando em minhas fotos, ouço barulho de chuva. Dura pouco. Entretanto, esfriou pra caramba. Na frente do hotel, um night club com karaokê provoca certa agitação noturna. Vez por outra escuto vozes e risadas. Tudo muito comportado. Não são espalhafatosos os jovens butaneses se comparados aos brasileiros. Ah, ½ noite o clube cerrou as portas e a função noturna c'est fini!
  

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