Hoje é dia de conhecer os Geisers Del Tatio. Partimos do hotel quase 5 da matina. Embora a distância seja de apenas 87 km e a atividade dos geisers inicie às 7 horas (prolonga-se apenas até às 10 horas quando cessam por completo), a estrada é tenebrosa. Se o motorista não for hábil e pouco familiarizado com o trajeto, periga derrapar o veículo, caindo numa das grandes valas que margeiam a estrada. Embarcamos no ônibus, Val ainda tenta dormir. Eu, que não quero perder nenhum detalhe, estou de olho arregalado curtindo, no céu, a lua quase cheia. Tão linda.....tão branca quanto os salares da região. Depois de rodarmos por quase 2 horas, paramos para apreciar a noite: miríades de estrelas e constelações, são claramente visíveis, ao contrário de outros dias em que o céu apresentara-se encoberto por nebulosas. Quando chegamos ao local onde se situam os geisers, ainda está escuro. O guia nos leva até a zona que nos toca conhecer. Tudo é muito organizado. O frio é de bater queixo.....brrrrrr!!!! Também pudera, estamos a 4.300m e ainda nem amanheceu por completo. A barra do dia mal é entrevista atrás dos cerros que circundam o planalto de Tatio onde se localiza esse campo geotérmico. Quando tiro a luva pra trocar as pilhas da câmera, meus dedos sentem o impacto dos –2º C. Bah, que frio, meu deus! De alguns buracos, situados no solo de lava vulcânica, são expelidas colunas de vapor cujo efeito visual lembra aqueles filmes de terror, à Conde Drácula....no caso, infernizando turistas no Atacama! De outros, entretanto, um manso e tímido ploc, ploc anuncia incipientes borbulhas até que, subitamente, jatos de água quente, com mais de 10 metros de altura, jorram enérgicos do interior da terra, permanecendo assim por alguns minutos. É qualquer coisa, um espetáculo e tanto! Fico alucinada e não paro de filmar. É servido um desjejum bem legal. Pego um copo de chá e sinto que os dedos de minhas mãos, até então duros de tão gelados, tornam-se menos rígidos em contato com a superfície aquecida do recipiente. A manhã já despontou em definitivo e o contorno das montanhas torna-se perfeitamente nítido. Vislumbro ali um cume nevado, acolá as diversas camadas de substratos de rocha que formam os cerros numa mistura de tonalidades que variam do ocre ao cinza chumbo. Caminhamos por entre os geisers. O ambiente é surreal! O sol, agora forte, e o céu claro são um convite ao banho que nos aguarda na piscina de águas termais circundada caprichosamente por um murinho de pedras. Nem hesito, por supuesto! Entro e, bem refestelada, curto a paisagem, mergulhada em suas águas calientes. Mas tudo o que é bom dura pouco, já é hora de partir. Há dois caminhos para se retornar a San Pedro: um que passa pelas termas de Puritama enquanto o outro conduz a Machuca. É por este que iremos. Acho super legal, afinal, basta de termas por hoje, senão vai dar uma leseira daquelas! O ônibus pára e o guia pergunta quem quer ir a pé até o vilarejo. Eu não me faço de rogada e, junto com mais três turistas, desço a encosta da colina que conduz a única rua de Machuca onde se erguem, em ambos os lados, as indefectíveis casinhas de adobe, com teto baixo coberto de palha, assentadas no chão vermelho arenoso. A pequena igreja, caiada de branco, destaca-se no azul quase sem nuvens do céu. Habitada por seis famílias, perfazendo um total de 50 pessoas, a atividade principal do lugarejo baseia-se no pastoreio de lhamas. Há um pequeno restaurante onde são vendidos alguns petiscos regionais, como empanadas recheadas com queijo de cabra e sopaipillas (um pastel chato e redondo, feito com farinha e abóbora, sem recheio e frito). Do lado de fora, o marido da simpática dona do restaurante assa, numa churrasqueira de metal, brochetas de lhama entremeadas com pedaços de cebola. Provo tanto a sopaipilla quanto as brochetas. Gosto do sabor e da textura da carne desse animal e mais contente fico quando sou informada por uma turista colombiana de que é livre de colesterol. Bem alimentados, embarcamos novamente rumo a San Pedro. Durante o trajeto, são freqüentemente avistáveis alguns animais das estepes altiplânicas como guayata, chinchilas e ñandus. Na breve parada no rio Putana, cujas águas provêm do degelo das neves existentes no vulcão de mesmo nome, observo outra espécie de tagua, a grande. Do simpático jovem sentado ao meu lado no ônibus (natural de San Pedro, estuda turismo), recebo informações das quatro espécies de camelídeos existentes no Chile. As vicuñas - explica ele - possuem a lã mais cara, acessível para poucos bolsos, porque, além da textura finíssima, a quantidade obtida é de apenas 250 gramas. Dos demais, a alpaca, o guanaco e a lhama - continua o rapaz - este é o mais generoso: fornece, em média, a cada tosquia, cerca de 4 kg. Qualquer um pode comprá-la. O ônibus atravessa a quebrada de Puritama, outro oásis a impor, na paisagem monocromática do deserto, o verde de sua vegetação. Dentre as várias plantas, chama a atenção a cola de raposa: das finas hastes verdes, chamadas cortadeiras, brota, no topo, uma espessa e macia plumagem de coloração amarelo-palha. Os cactus gigantes dominam certo trecho da paisagem. Ingressamos no asfalto – que lástima - adoro estradas, ainda que péssimas, de chão batido. Não demora muito e logo avisto um cenário que se está tornando familiar: o perfeito cone do Licancabur à esquerda, a Cordilheira do Sal à frente, e o cerro Kimal à direita. De San Pedro, já avisto algumas casas. São 13:10. Quão rápida passou a manhã!
2 comentários:
Olá, na verdade não são comentários e sim uma forma de eu conseguir informações sobre o Chile pois pretendo em breve visitar esse país. Você teria os contatos do local onde você se hospedou em San Pedro do Atacama? E você foi por pacote turístico ou fez o seu próprio roteiro?
mara, se quiseres saber tais informações, escreve pro meu email que se encontra à disposição em "meu perfil". gracias, bea
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