Cansada, afinal, dormira pouco mais de três horas, chego no hotel e deito um pouco pra ler. Sinto sono pero osso duro de roer não entrego os pontos e resisto tal qual criancinha birrenta à sonolência. Resolvo ir até a piscina dar um mergulho antes que venham nos buscar às 16 horas para novo passeio. Paola nos apelidou as muchachas ritalínicas devido a nossa grande energia....essa é boa!! A tarde está linda, algumas nuvens aqui e ali sem contudo embaçar o brilho quente do sol. Entro na água com cuidado - tá fria demais pro meu gosto - e fico nadando algum tempo. Como ainda quero tomar um café na cafeteria que se localiza perto do hotel, tomo uma ducha e vou até lá. Val prefere ficar. Pretende descansar um pouco mais. Sento-me a uma mesa, no lado de fora do simpático estabelecimento situado na calle Caracoles com a Domingo Atienza e peço um expresso. Vem acompanhado por um tubinho de massa crocante recheado com chocolate. Trigostoso! Permaneço preguiçosamente, por um tempo, escrevendo. De vez em quando levanto a cabeça do caderno e observo o movimento das pessoas que passam pra lá e pra cá falando aquela babel de idiomas variados. Retorno ao hotel, está quase na hora de partirmos. Vamos conhecer outras lagunas situadas no Salar de Atacama e distantes de San Pedro 30 km. Rodamos um pouco pela rodovia 27, a mesma que leva a Toconao, e logo embarafustamos por uma estrada de areião deveras sacolejante. Val, no final do passeio, ganhou uma super dor nas costas, a coitada. A primeira laguna onde paramos é a Cejar, de coloração esmeralda, cuja concentração de sal é tão intensa que impede que afundemos. Outros turistas, também, encantados, brincam e tiram fotos uns dos outros. Ficamos, eu e Val, flutuando sem fazer força alguma. Percebo rastros brancos de sal nos meus braços e pernas. Afora, isso, minha camiseta, dura de sal, parece uma armadura. Sem exagero, até pesa um pouco. Não queria uma balança por perto de mim nessa hora. Forte coisa a salinidade dessas águas. Pegamos o carro e, em dez minutos sacudidésimos, percorrendo a péssima estradinha, alcançamos Ojos Del Salar. Nem tão salgada quanto a de Cejar, esta laguna, pequena e redonda, apresenta coloração escura. Aqui tiro o sal que me cozinha a pele. Tudo vapt vupt. Esses passeios relâmpagos....tsktsktsk!! Tudo porque há nova laguna a visitar um pouco mais adiante. Tornamos a embarcar na caminhonete e chegamos em pouco mais de cinco minutos à Laguna Tebinquinche. Mas por que não caminhar, meu jesus cristinho? Tão curtas as distâncias entre as três lagunas! Uma certa irritação começa a surgir mas logo cede quando paramos em frente à Tebinquinche. É de cortar o fôlego! Sei lá se por que a lua, quase perfeitamente redonda, desponta branca e pequena no céu acima da Cordilheira dos Andes, ou se pela coloração rósea, vermelha e amarela do sol poente. À medida que me aproximo da laguna, percebo a transformação de suas águas azuis em esverdeadas. Rodeia-a uma grande margem branca de bordas cristalizadas de sal. Um espetáculo! Em frente, a Cordilheira dos Andes exibe o contorno pastel de seus vulcões: Licancabur, cartão postal da região, ladeado, à esquerda pelo Sairecabur e Putana; à sua direita, percebem-se Juriques, Toco, Águas Calientes, Chiliques, Miscante e Miñiques. E a lua lá no alto!! E o sol se pondo! Santo Deus, não sei pra onde olho, fico bem baratinada girando a cabeça de um lado pro outro. O guia e motorista monta uma mesa e nos serve um lanchinho básico: suco de frutas e biscoitos. Reflito, um tantinho ainda irritada enquanto retornamos a San Pedro que este tipo de passeio não me agrada muito não. Duas de suas quatro horas foram rodando de carro e apenas duas, duas apenas, reservadas à contemplação dos belos lugares visitados. Eu teria gostado - isso sim! - de ter permanecido mais tempo em Tebinquinche até que a noite, em definitivo, se instalasse. Imaginem só ver a lua iluminar o branco salar e o reflexo de seu brilho espalhando-se nas águas da laguna? Não teria sido, concordam, qual-quer coi-sa de bom??!! Ah...sei lá, este tipo de tour não faz mesmo minha cabeça, só não!!
Um comentário:
Linda região. Estivemos lá em setembro de 2010. Fomos até lá com nosso carro (camionete) e resolvemos esse problema de "roda muito/aproveita pouco" (nos passeios) com a contratação de um guia local (na verdade um uruguaio chamado Emilio) para nos acompanhar e guiar as visitas; custou mais barato que se fizéssemos passeios individuais. A dica vale também para quem alugar um carro por lá. Abraço!
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