sábado, 25 de agosto de 2007

Brasília

Saio de Porto Alegre às 08:00 com temperatura de 12ºC. Exceto alguns solavancos causados por uma breve turbulência pode-se dizer que o vôo é tranqüilíssimo. Chego à capital federal às 10:20 com temperatura batendo nos 28ºC. Ulálá. Estou como o diabo gosta, já que meu lema é “quem gosta de frio é pingüim"!
Reflito quão estranha é Brasília: seus prédios, ainda tão futurísticos, fazem um contraponto bizarro à bagunça nordestina cuja expressão mais característica são as feiras ao ar livre com suas bancas de frutas, verduras, legumes e carne seca pendurada em ganchos. Nas vias expressas, caminhões oferecem cofres e fechaduras (sintomático, pois não?!), mais a frente, vendem-se estátuas de gesso, tipo anão de jardim, redes e colchas. O Brasil da modernidade convive sem nenhum constrangimento com sua face arcaica. Embarco num táxi e peço ao motorista me levar até a rodoferroviária onde embarcarei pra Alto Paraíso às 15:15. Como tenho um par de horas pela frente, proponho-lhe que me leve aos principais pontos turísticos. Ileiton topa e por R$ 30,00 vou conhecer a Oca, museu de arte moderna há pouco construído. Como a catedral é ao lado, aproveito e entro para fazer os tradicionais três pedidos. Passo de raspão pela Praça dos Três Poderes (não quero muito contato com tais ares) e sigo por suas largas vias expressas ladeadas por floridos ipês amarelos. Atravessando a belíssima ponte JK sobre o lago Paranoá vejo lanchas singrando suas águas. Simpático e educado, o taxista me conta que é brasiliense. O pai, baiano, e a mãe, mineira, vieram com 9 anos pra capital federal. O carro, me explica, é seu, a placa aluga por R$ 400,00. Já na rodoferroviária, aguardo o ônibus que me levará a Alto Paraíso.Parte pontualmente. Graças a deus não fiquei mais que um piscar de olhos nesta cidade. Nada contra a capital dos brasileiros, mas estou na ponta dos cascos pra ir pra Alto Paraíso e ficar em contato com a natureza, longe do barulho destes massacrantes centros urbanos. Ao longo do percurso de 310 km, sou assombrada pela quantidade de queimadas que castigam o cerrado goiano. Tal prática – soube depois – é provocada pelos fazendeiros e largamente aceita por uma uma boa quantidade de pessoas. Entendem em que assim agindo conseguem fazer com que nasçam rapidamente os brotos de plantas de modo a fornecer alimento ao gado....pois é. A estrada é um retão, a paisagem plana, sem grandes atrativos. Chego em Alto Paraíso às 18:50 e telefono pra Marcela, da agência de ecoturismo Travessia com quem já fizera contato em Porto Alegre. Gentil, ela envia Jair pra me buscar e conduzir à pousada. A noite é de quase lua cheia, não resisto e saio pra jantar. Informada de que há duas pizzarias na cidade, escolho a Ocalila, especializada em comida vegetariana, meio escondidinha, um lugar muito maneiro. A temperatura arrefeceu bastante, afinal estou a 1.200 metros de altitude, gente! no planalto central do Brasil! Peço uma massa à bolonhesa feita com soja. Bem feita, está apetitosa. Pra acompanhar, escolho uma caipirinha feita com cachaça, a mineira Seleta. Pronto, daqui em diante, sinto que esta será a bebida da minha preferência durante a minha estadia na Chapada dos Veadeiros...tintim!

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