quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

Encontra-se o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros no vale do rio Preto delimitado a noroeste pela onipresente serra de Santana que se estende até Cavalcante, distante 100 km. São duas as principais trilhas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, com cerca de 6 km cada uma: a que leva aos Canyons 1 e 2 conduz também à cachoeira das Cariocas. Os canyons em época de cheia ficam fechados à visitação porque o rio Preto apresenta grande vazão de água impedindo a sua travessia. A outra segue até as Pedreiras bem como aos Saltos 1 e 2.
Foram estas duas últimas as percorridas por nós. Caminhando em meio a uma diversidade incrível de árvores e arbustos chamam a atenção as onipresentes moedas com suas delicadas e redondas folhas verdes, as mimosas, flores de cor rosa, compostas por pequenas pétalas tipo plumas, além dos buquês de noiva exigindo atenção com seu chamativo rosa pink. Os chuveirinhos e sombreiros dão seguido o ar da graça, alcaçuzes do cerrado com sua coloração azulada competem com o azul do céu e as poaias, lindas, avermelhadas, em forma de pingente, destacam-se em meio ao verde do cerrado. Das árvores, chama a atenção a quina branca com seu tronco recoberto por uma grossa camada de casca que serve de isolante contra as queimadas, a faveira do campo cuja resina, a rutina, cura problemas circulatórios. Os candombás e canelas de ema abundam, entretanto, ainda sem floração. Gudu me explica que, inobstante certas árvores produzirem frutos saborosos, lhes são atribuídos nomes pouco atraentes como marmelada de cachorro e cocô de arara. Ah! Esse imaginário popular! Pacheco pára e chama atenção para os grandes cupinzeiros que tanto são construídos no solo quanto sobre os troncos das árvores. Aponta um buraco na terra e conta que o garimpo iniciou na região no início do século XX e o quartzo extraído foi e é ainda muito usado na indústria eletrônica em razão da grande quantidade de silício em sua composição. O chão coalhado de pequenos pedaços de quartzito, alguns tão transparentes como vidro, faiscam à luz do sol. Chegamos ao Salto 2 ou cachoeira do Rio Preto, queda d’água com 120 metros. Paramos no mirante e alguns de nós sacam seus lanches das mochilas e por ali se ajeitam, tentando encontrar um local com sombra, mas está difícil. A trilha não apresenta maiores dificuldades, há um trechinho um tanto íngreme mas nada que faça a gente desanimar. As folhas estalam de tão secas quando se caminha sobre elas e muitas das árvores com seus galhos marrons e secos, aparentemente mortas porque despidas de folhas, tornam-se verdes quando inicia a temporada de chuva que neste ano está demorando a chegar. O calor se faz sentir com força total e quando chegamos no Salto 1 ou cachoeira do Garimpão, uma bela queda com 80 metros de onde o rio Preto despenca voluptuosamente, vou em busca de um lugar sombreado. Apesar da preguiça em ter de retirar as botas, short e regata, mergulho nas águas frias do rio e nado um pouco até que a fome bate e vou comer meu lanche. Mas ainda tem mais um lugar pra conhecer: as Pedreiras. E lá vamos nós em direção contrária à correnteza do rio, num local situado pouco acima dos Saltos, onde o rio Preto flui preguiçosamente em meio a grandes lajes de pedra formando poços e pequenas corredeiras turbulentas que cumprem seu papel de hidromassagem para gáudio do grupo. O dia não poderia ser mais perfeito, a estradinha de areia branca e fina, céu azul, sol, calor e paz, muita paz! Dispenso a van e volto a pé até a Vila, distante pouco mais de 1 km. Valéria e eu resolvemos explorar as ruazinhas de São Jorge antes de irmos almoçar no restaurante de Dona Nenzinha. À noite, aqueles do grupo que estão hospedados na Pousada da Trilha Violeta (a maioria, aliás) decidem prolongar a noitada e vamos à cata de um bareco pra tomar a saideira.
E lá ficamos entre chistes e muitas risadas, bebendo caipirinha de laranja já que a dona, uma moça já bem grávida, nos informa que não há limão. A lua surge vermelha no céu, ohs e ahs de admiração substituem por minutos o falatório animado. Só faltava o bravo santo guerreiro passar zunindo e nos abençoar...pois é!

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