Acordo com a tevê ligada. Adormeci ontem à noite sem desligar o aparelho, pra variar. “Mau hábito esse, hein, Biazinha”, reclamo pros meus botões. Demoro pra sair da cama. Alta preguiça. Também pudera, seis dias caminhando, 56 aninhos na paleta, e fumante desde os 16. Quer o quê, mulher?! Não és natural de Kripton, uai! Como meu ônibus só parte às 13:30, e são 9:30, tenho tempo de sobra. Embora esteja pra lá de enjoada de fazer compras - tantas têm sido as viagens que cansei dessa função – entro numa das muitas lojas que vendem os mesmos indefectíveis souvenirs e escolho pros meus afilhados três touquinhas de lã colorida com protetores de orelha. Resolvo, depois da sessão shopping, dar uma banda na Costanera. Apesar de o dia estar nublado, dá pra ver os cerros, distintamente, em especial o Balmaceda ao fundo do Seño Ultima Esperanza, com seus flancos nevados. Desço do calçadão até a beira d’água. Muitas aves aquáticas nadam no Canal Señoret. Sigo pela beira do canal em direção a dois curiosos monumentos localizados à entrada de Natales: uma reprodução do Milodón - uma mistura de urso com tamanduá, que costumava dar seus rolês por estas plagas naqueles tempos pré-histórico - e uma gigantesca mão de cimento, ambos plantados rente à Costanera. Bia passa por mim vinda de sua casa, pilotando uma bicicleta. Cumprimentamo-nos, polidamente, apenas. Afinal, somos civilizadas, hehehe. Pela última vez, vou à loja de Rodrigo pra me despedir. Como ele evita fumar no interior do recinto, entramos em seu carro. Na rua, impossível ficar, venta muito e o frio é severo. Lá, ficamos, pitando, enquanto conversamos. Diz que vai pra Punta Arenas, no sábado, levar Joaquim. As aulas do menino começam na segunda-feira. Convido-o a me visitar e dou-lhe o endereço do hostal. Abraços e beijos finalizam nossa despedida. Antes de ir até a oficina do Expresso Pacheco, passo no supermercado Abu Gosch e peço uma empanada de carne. É o meu almoço. Recém saída do forno, está uma delícia. Dois jovens que também esperam o ônibus, perguntam-me onde a comprei. Indico-lhes o caminho e lá partem eles em busca do tradicional quitute. Realmente, é de dar água na boca. Às 16:30, chego em Punta Arenas e vou até o Terra Sur deixar a bagagem. A senhora que administra o hostal recebe-me com sua habitual cortesia. Conversamos um pouco e fico sabendo que reside em Valparaíso, é viúva, viaja seguido à Espanha onde lá vive uma filha. Tomo o rumo da rua em busca de informações sobre o tão desejado passeio a Porvenir já que a amável gerente do hostal pouco tem a me dizer. Das três agências que visito, todas ignoram tal roteiro. Quase desanimada, entro na agência que contratara em 2007 pra visitar Fuerte Bulnes, e aqui, sim, encontro todas as informações de que necessito saber sobre o passeio. Um simpático senhor, com jeito de dono, fornece-me todas as indicações com precisão e solicitude. Que tenho de pegar o ônibus de número tal, descer em Três Puentes, e lá embarcar no ferry boat cujo horário de saída está marcado pras 09:00. E, na saída, adverte-me sobre os males do fumo (vira-me fumando um pouco antes de entrar na loja). Agora, sim, posso relaxar em definitivo. Com fome, entro numa confeitaria e peço uma empanada de carne (não canso de comer tal petisco) e um café com leite. Continuo minha caminhada, agora, à cata duns cd’s do Inti Illimani, conjunto musical, pertencente a um movimento de renovação das canções folclóricas chilenas. Não encontro, contudo, a loja onde em 2007 comprara um cd da excelente banda Bordemar. Indaga daqui, pergunta dali, informam-me, finalmente, de que a loja se mudara para a Zona Franca, bem distante de onde estou. Resolvo dar, então, o dia por encerrado e marcho em direção até o meu velho conhecido Pub 1900. Conquanto sejam 19:30, o dia está claro. Estamos, ainda, aqui no Chile, no horário de verão. O movimento na calle Bories é intenso. Pessoas saem do trabalho em direção às suas casas, jovens, postados nas esquinas ou encostados na frente das lojas, conversam animadamente. É o fim de semana que se inicia com promessas de festas e lazer. E, solidária com espírito tão festivo, sorbo una copita de viño tinto, por supuesto...salud!!
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