Doidinha em voltar ao aconchego de Praia Grande, aproveito o feriado de Tiradentes e me mando de mala, pero sem cuia, sábado, no ônibus das 7 da manhã. Chego passadas as 11 horas e pego um táxi na frente da rodoviária. Antes de ir pra Colina da Serra, peço ao taxista que faça um stop na Aparados Adventure, agência de Kaloca, situada também na estrada da serra do Faxinal. Quero combinar com meu guia a aventura do dia. Fica de me pegar de moto às 14 horas, assim, diz ele “dá pra a gente almoçar tranqüilos, Biazinha”. Já na pousada, brinco com Maria, dizendo que a Colina caiu uma estrela porque não encontrei flores enfeitando meu quarto como das vezes anteriores. A gringa não se aperta, tem sempre uma resposta na ponta da língua, e esclarece que eu mereço coisa melhor que as comuns quaresmeiras e hortênsias, únicas flores que ainda vicejam em seu jardim. Tá cara que ela esqueceu! Essa Mariazinha tá me saindo uma deslavada mentirosa, isso sim! Terminado o almoço, serve uma ambrosia, receita dada por mim. Troçando dela, digo que a minha é muito melhor. Ela faz biquinho fingindo-se zangada. Tudo jogo de cena, é uma artista que o mundo desconhece ainda. Kaloca, pontualmente, dá as caras. Eu já vestida com meu neoprene azul-piscina, novinho em folha, subo na garupa e lá nos tocamos pela estrada da Roça da Estância até o café do Valmor, de onde pegamos a trilha pra descer as cachoeiras da Garganta do Café. Serão apenas as cinco últimas porque pra fazer todas as 12 teríamos de ter começado de manhã cedo. O dia está ensolarado e as cachoeiras, mansas, sem muita água, ao contrário da véspera de ano novo, quando foi aquele stress devido ao grande volume de chuva que caíra durante os rapeis feitos com Gabriel, Camile e mais o grupo dos cariocas. Tiro de letra a temida cachoeira Sinistra. uma tranquilidade rapelá-la com pouca água. Oxalá, todos os rapeis fosse assim! No retorno, desço na Aparados. A cabana de madeira está uma beleza. Praticamente construída por ele, encontra-se quase pronta. Aproveito pra acessar a internete e depois vamos até a residência de seus pais, situada a uns 50 m adiante, cruzando o bosquezinho existente no terreno. Dona Edi, mãe de Kaloca, cativa pela simplicidade. É uma santinha. Chama-me de Dona Bia, mesmo sendo mais velha do que eu. Educação antiga, gente, educação antiga! Convida-me pra pousar. Recuso o convite, explicando que, se aceito, Mariazinha é bem capaz de botar fogo na casa deles de ciúmes. “E um cafezinho com mistura, Dona Bia? Mistura vem a ser o pão, bolo ou bolacha que acompanha a bebida. Bebo uma chávena de café preto e provo um pedaço de bolo de laranja feito por ela. Peço, então, a Kaloca pra me levar até a pousada. Hoje a janta está caprichada porque têm mais hóspedes (se sou só eu, a comida é mais simples, afinal, já sou de casa). Sento à mesa com uma família de Rio do Sul, os pais e dois rapazes. O mais moço, com 16 anos, conta que praticou rapel quando foi bombeiro mirim. Onipotente como todo guri dessa idade, faz cara de pouco caso quando narro minhas aventuras nas cachoeiras. Dá a entender que tirará de letra quando for fazer rapel. Pergunto a ele o que rapelou. Responde que apenas uma torre de concreto. Explico que não dá pra comparar com os rapeis em cachoeiras. Seu irmão, mais velho, concorda comigo. Mas o guri não se dá por vencido e fica minimizando minhas façanhas. Eu deixo a coisa quieta. Ainda te pego na curva, seu presunçozinho....podes crer! E vou deitar cedo, apesar do pedido de Maria pra que eu permaneça, enquanto arruma a cozinha. “Só não, abençoada, tenho de acordar 4:30, Kaloca vai passar aqui às 5.” E vou pra cabana encerrando a conversa. Mariazinha, hoje, vai ter de lavar a louça sem a ajuda de minha prosa, hehehe
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