quinta-feira, 24 de maio de 2018

Abraçasso no Brasil 2018: Maranhão - Chapada das Mesas - Da Vereda Bonita ao Morro do Buda

Vamos eu, Bruno e sua amiga Vitoria ao Recanto das Famílias depois da partida de Douglas. E Bruno tem razão quando ontem nos convidara pra vir curar a ressaca no balneário. A temperatura fresca das águas cor de caramelo é um bálsamo pra qualquer mal estar. E finalmente, na quarta-feira - aleluia! - começo a conhecer a verdadeira Chapada das Mesas que tanto desejei! Que me perdoem os farofeiros, mas Itapecuru e Lagoa Azul não fazem meu estilo. Graças então a Aline, sou apresentada à Valeria que com seu marido Marcelo são donos da estância ecológica Vereda Bonita. Combino um programa de dia inteiro pra conhecer o lugar e pra lá nos tocamos, Bruno mais eu pela BR 230, enveredando após 35 km numa estradinha de chão batido até chegarmos à sede da estância. Banhado pelo rio Pedra Caída, um dos afluentes do Tocantins, o sítio alia empreendimento turístico à recuperação e preservação do cerrado, visando ainda à autossustentabilidade. Na passeio, guiado por Alaô, um bruxo que sabe tudo sobre vegetação do cerrado, ele vai dando uma aula master sobre o assunto enquanto percorremos porções de cerrado, mata ciliar de transição entre cerrado e floresta amazônica e campo. Durante toda a pernada, nos acompanha a linda pastora alemã capa preta de pêlo longo Hanna. Na paisagem pontuada por morros, tipo testemunhos, destacam-se o do Olho, um dos mais altos da região, e o morro do Navio. De estaturas não muito elevadas e pouco extensas, distinguem-se ainda as serras do Gado, Magra e a da Pirâmide da Pedra Caída. Uma pequena parte do tour é feita no rio Pedra Caída, numa canoa movida à vara conduzida por Elisafan, caseiro do sítio. Da água emergem troncos de árvores cuja aparência espectral contrasta com o visual lindamente azulado do céu manchado aqui e acolá por fiapos de nuvens. No curso do córrego Veredinha há inúmeras cascatinhas e piscinas naturais onde numa delas encontro uma cesta com frutas e água mineral. Não acredito no que vejo: merendinha em plena manhã!! Que gesto delicado o de Valeria! Paro pra me banhar em vários pontos do Veredinha cujas águas amareladas são clarinhas, clarinhas. Realmente é um paraíso das águas este lugar. Terminado o passeio nos espera um baita almoço preparado por Rita, mulher de Elisafan, cozinheira de mão cheia. Da refeição fazem parte bifes acebolados com tomate, arroz, farofa, feijão mais salada de alface, cenoura e beterraba plantadas na horta; de sobremesa, doce de banana com gengibre. Empanturrada depois de comer e repetir, não resisto ao apelo da rede e me jogo nela pra fazer a digestão acabando por pegar no sono. No meio da tarde, com a temperatura mais amena, saímos de caiaque remando no rio Pedra Caída, numa gostosura de navegação sem correnteza forte com Hanna nos seguindo água adentro. Na volta, Alaô dá carona pra cadela que, cansada de tanto nadar, se acomoda bem quieta na proa do caiaque. À tardinha, com o sol já se pondo, pegamos a estrada retornando à cidade. Embora cansados eu e Bruno nos sentimos revigorados daquela imersão na natureza. No último dia de minha estada em Carolina, quinta-feira, me mando com Alaô pra conhecer a cachoeira do Talho e o morro do Buda. A rodovia é a mesma BR 230 bem como é a mesma a estrada de chão batido que nos levou ontem à Vereda Bonita. Em vez de seguir em frente, dobramos à esquerda enveredando numa estreita estradinha que é puro arenal. A do morro do Chapéu foi fichinha, essa sim é prova de fogo!! Alaô graças a deus não me atormenta como Douglas o fizera. Aliás, ele nem fala nada, um alívio. Dirijo me sentindo um tantinho nervosa mesmo estando com o carro traçado 2 vezes!! Embora sejam só 4 km até a cachoeira do Talho a distância me parece, sei lá, interminável! Em chegando lá, atravessamos o estreito leito do rio Talho onde foram escavadas pequenas bacias resultantes da ação erosiva da água na rocha. Desce-se um barranco até o final do pequeno brete donde a cachoeira jorra expressivo caudal espumoso. Os raios de sol filtrados pelas folhas das árvores semelham labaredas líquidas quando incidem num tronco caído n’água. O lugar é maravilhoso rodeado por farta e verdejante mata. Dali seguimos até o morro do Buda, pertinho da estradinha arenosa, de onde se tem um visual panorâmico da região. Várias serras e chapadões até onde a vista alcança, bem como o encontro dos rios Tocantins e Pedra Caída. Tudo muito verde porque se está recém saindo da época das chuvas. O morro do Olho bem pertinho me lança sua indiferente mirada pétrea. No topo do morro, esplêndido conjunto de pedras esculturais sobressai, entre elas as expressivas Buda e Disco Voador. No meio da colina, um círculo de rochas forma como que um anfiteatro. Putz, baita esse lugar pra acampar ou dar uma festa. Na tarde linda, quente, besouros dão rasantes a um palmo de minhas orelhas como se fossem aviões supersônicos. Eis que o silêncio da tardinha é rompido pela enérgica intervenção musical de Chico Preto, ave que imita o gorjeio de vários pássaros, trinando, dessa feita, seu próprio canto em alto e bom som. Ufa....custou mas enfim encontrei tudo o que imaginava fosse a Chapada das Mesas, podicre!!

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