terça-feira, 17 de julho de 2012

Dale Condoriri!

Acordo bem disposta apesar da considerável altitude de La Paz: 3.800 m. Como tenho pressa, preciso comprar uma máquina digital antes de partir pro Condoriri, deixo a água do chuveiro esquentando enquanto organizo a bagagem. Chuveiros aquecidos a junker, dependendo do hotel, podem demorar um tantão pra aquecer. E por causa disso acontece algo inusitado. A dona do hotel, cujas atitudes eu já achara meio estranhas ontem à noite quando chegara ao estabelecimento, irrompe à janela do banheiro, que se comunica com uma área interna, e manda, vejam bem, manda que eu desligue a torneira. E eu que nem estava ainda no banho, atônita, nem reajo. Limito-me apenas em obedecer (ah....Freud explica, se explica!). Finalizo, bem atucanada, a arrumação de minha mochila e trato de entrar rapidinho no box com receio de que a louca criatura possa ou cortar a água ou desligar o aquecimento central do junker. Pois não é que novamente a bruxa abre a tal janela? Aí sim reajo e grito pra odiosa mulher fechar a janela. Dessa vez quem obedece é ela, hahaha!!! Quando faço o check out, a doida cobra um extra de 30 bolivianos por conta do tanto de água que eu gastara à-toa....pode?! E mais! Ainda quer cobrar pela luz!! Seu pai, um velho caquético, percebendo que estou quase me pegando a pau com a maluca de sua filha, apazigua a tensa situação e decreta somente a cobrança da água. A máxima “o fruto não cai muito longe da árvore” se aplica como uma luva a essa dupla de salafrários! Minha irritação dura pouco, entretanto, porque tenho muita coisa pra agitar. Assim, procuro a Elma Tours, agência responsável por meu traslado até o acampamento-base do Condoriri onde alugo botas duplas de plástico, crampones, piolet, capacete e arnês, equipamentos essenciais a quem quer se aventurar em montanhas cobertas por glaciares. Terminados esses tediosos trâmites, parto em busca da loja onde ano passado eu vira uma Nikon parecida com a que me fora furtada por uma ex-faxineira ano retrasado. Caminhando na muvucada avenida Sta Cruz, vez por outra, consigo vislumbrar lampejos do onipresente Illimani, montanha cartão-postal na paisagem boliviana. Compro a máquina e só então me dou conta – já são mais de 11 horas - que ainda não desaiunei, entrando no Banais. Restaurante e cafeteria, seus lustres, super originais, são feitos com as saias coloridas das cholitas. Dotado dum bom wifi, fico ali fazendo hora até partir pro Condoriri, o que acontece somente às 3 da tarde. Ao invés de irmos por Tuni, Jenaro, proprietário da Elma Tours, escolhe outra trilha, a que parte de Rincón, porque bem mais perto do acampamento-base. O trajeto não ultrapassa 3 km. Enquanto o carro percorre a estrada poeirenta de chão batido, curto o sol poente banhar com uma cálida coloração amarelada o Huayna Potosi, a segunda montanha boliviana mais emblemática. Chegamos a Rincón - nem vilarejo é, tem, se tanto, três casas pertencentes a pastores de lhamas - às 18 horas, ainda com vestígios de claridade. Quarenta minutos depois, estaria eu caminhando em completa escuridão, se já não estivesse, previdentemente, usando uma lanterna de testa. Considerando que estou há 2 dias no país, me felicito pela razoável aclimatação, embora lá pelas tantas, sinta ganas de jogar longe os bastões do tanto que eles pesam em minhas mãos. Efeitos deletérios da altitude. Transcorrida pouco mais duma hora, chego, enfim, ao acampamento onde se desenrola aquele festerê. É o niver de Cintia e Bruna, mulher e filha de Marski. Jenaro trouxe duas tortas deliciosas de morango, serpentinas, confetes, chapéus e foguetes, tudo encomendado por Marski!!! Sou recebida nada mais nada menos com uma taça de tinto chileno. Não tenho do que me queixar, não é mesmo?

4 comentários:

ronie disse...

la na Bolivia, eu fiz a "Travessia do Condoriri", que foram 3 dias de caminhada, lindo............

beijos
Roney

Miriam Chaudon disse...

Morri de rir aqui com suas hilárias palavras e com a situação promovida pela tal bruxa boliviana! Hahahaha!!!
Bea, Freud anda aparecendo muito ultimamente....hehehehe!!!
Beijossss, amiga do coração!

Anônimo disse...

Olá Bea, estamos em contato com o Jenaro da Elma Tours, e outra agencia, gostaria de saber se vc realmente recomenda a Elma Tours, se correu tudo como vc gostaria, etc e tal....?

Beatriz disse...

sim, recomendo essa agência.