Terminado o trek ao Toubkal, retorno imediatamente a Marrakech pra pegar Raul que se encontra no hostal. Não só Marrocos como vários países que conheço não têm rodoviárias. O ponto de embarque e desembarque dos ônibus são nas companhias de transportes. Assim, nos tocamos pra CTM embarcando no busão que nos leva a Casablanca. Omar está a nossa espera no terminal. Mais uma vez ficaremos em seu ape mas será apenas por duas noites porque depois de amanhã estaremos viajando pra Las Palmas de Gran Canaria. Dia seguinte, nosso anfitrião nos leva a Rabat em seu carro. A viagem de 87 km transcorre na excelente rodovia A1 que liga as duas cidades. Rabat é a capital e a segunda maior cidade de Marrocos. Localiza-se igualmente na costa do Atlântico. Tem cerca de 1,6 milhões de habitantes. Como nosso anfitrião trabalhou durante a manhã vamos a Rabat no meio da tarde, motivo por que só conhecemos a Kasbah dos Oudaias, um dentre muitos lugares interessantes na cidade. Originalmente, foi uma pequena fortificação muçulmana, erguida a partir de 1150 pelo califa almóada Abde Almumine como defesa contra as tribos Berguata. Kasbah dos Oudaias foi território de piratas durante 200 anos. A fortaleza mantém-se até os dias de hoje, tendo sido restaurada pelos mouros no século XVI. Sua porta monumental chama-se Bab el Kebir. Com vista para a foz do rio Bu Regreg, avista-se no outro lado do rio a cidade de Salé e seu cemitério. O sol está se pondo deixando uma mancha alaranjada nas águas do Atlântico. Passeamos pelas estreitas e labirínticas ruelas da Kasbah cujas casas são pintadas de branco e azul anilina. Algumas exibem belas portas de madeira. Vasos com gerânios adornam paredes externas e janelas. O aviso na porta de entrada da velha mesquita adverte que está interditada a entrada pra não mulçumanos. O interior dos riads, como são denominadas as residências construídas em estilo arquitetônico árabe, exibem quartos e salas dispostos ao redor dum átrio central, geralmente com uma fonte no meio. Neste espaço a família se reúne pra conversar. No segundo andar ficam os quartos. Pequenas janelas com grades de ferro formam desenhos lembrando treliças. Serviam pras mulheres olharem pra rua sem serem vistas pelos homens. No terceiro andar o terraço. Quase no fim do passeio, o chamado dos muezins reverbera nas ruelas chamando os fiéis pra penúltima oração do dia. Quando saímos da Kasbah seus altos muros de 10 metros de altura e 2,5 metros de espessura estão iluminados. Terminado o passeio, Omar nos leva ao restaurante Dar Naji que serve autêntica comida marroquina. A decoração é tipicamente árabe e não servem bebida alcóolica, apenas refrigerantes, sucos e chá. Um autêntico show a cerimônia do chá com o garçom fazendo malabarismos com o bule, despejando sem olhar o líquido fervente dum copinho pro outro numa altura de 1 metro sem derramar sequer uma gotícula fora dos recipientes! A comida, farta, consiste de Zaalouk: salada de tomates e beringela temperada com alho e especiarias e Taktouka: salada de tomates, alface, cebola e pimentão tostado regados a azeite de oliva mais cenouras marinadas, acompanhadas de pão. A última entrada é pastilla de galinha: massa folhada recheada com galinha (pode ser com frutos do mar) e polvilhada com açúcar e canela. De prato principal é servida Rfissa: massa, pedaços de galinha e molho mais Seffa Medfouna: massa cabelinho de anjo, pedaços de galinha, passas, amêndoas, canela e açúcar. Tal banquete foi uma despedida condizente com este país cuja cultura é riquíssima e não pode ser absorvida em uma viagem tão curta. Por isso, pretendo retornar e visitar outras cidades deste impressionante e espetacular Marrocos!
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