quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Verão no Mirador das Torres

Saímos de Natales quase oito da manhã. O dia está lindo, algumas nuvens aqui e acolá nem chegam a perturbar o azul intenso do céu. A temperatura, embora seja de 12º C, está amena, porque não venta. A inevitável paradinha no restaurante de cerro Castillo – dispensável no meu entender - para ir ao banheiro e comer alguma coisa. Dessa feita, entro no Parque Nacional das Torres del Paine pela laguna Amarga. Deixamos a bagagem no refúgio Torres, agora já com eletricidade. A guia, cujo nome é Beatriz, prefere ser chamada pelo diminutivo de Bia ou Biíta porque, segundo afirma com seu jeito enfático, sua mãe quando está zangada a admoesta lascando “Maria Beatriz”. As mães são as mesmas, só mudam de nome e lugar! Tsk tsk tsk. Meu nariz continua entupido....que merda! Pergunto, então, à Bia se é possível telefonar pra Natales pedindo que comprem remédios e os enviem pelos porteadores que chegarão à tardinha. Ela me tranqüiliza, afirmando que tem os remédios necessários pra minha rinite. Peço que me dê alguns pra eu poder ingeri-los durante o trek. A moça recusa, garantindo, entretanto, que os fornecerá ao longo da jornada. Hoje vou repetir o trajeto até o mirador das Torres que eu já visitara no outono de 2007. A primeira parte da caminhada, uma subida com um desnível de 350m pelo vale do rio Ascencio, conduz até o refúgio El Chileno onde paramos pra almoçar. Gaúchos vestidos com suas roupas típicas amarram seus cavalos às árvores, porteadores brincam uns com os outros. Na área reservada ao camping, a quantidade de barracas é expressiva. Estamos na alta temporada, daí o motivo de tal movimentação. Conheço, lagarteando, num dos bancos dispostos ao ar livre, Márcia, que optou por descansar aqui enquanto aguarda o retorno de seu filho adolescente do mirador das Torres. É sempre bom encontrar compatriotas. Eu gosto de escutar o meu idioma em terra estrangeira, descansa o ouvido. Conversamos bastante como se fossemos amigas íntimas. Muito legal essa paulista. Bia dá o toque de partida. Eu já estava me dirigindo pra ponte sobre o rio Ascencio quando sou impedida por ela. A guia informa da existência de uma nova trilha que sai direto do refúgio, sendo assim desnecessário cruzar o rio novamente. Retomamos a caminhada, e me preparo, mentalmente, pra essa última parte do trekking. Sei que é uma pedreira, literalmente, o acesso final até o mirador. Trata-se duma morena com um ascenso em desnível de 350m. Estranho porque não está sendo tão difícil quanto fora da vez anterior. Bia comenta então que foi aberta esta nova trilha bordejando a morena, de modo a facilitar a subida até o mirador. O visual das Torres está mais bonito que em 2007 já que as nuvens existente não chegam a ofuscar seus topos. Adoro o maciço rochoso situado ao lado delas, conhecido como El Nido del Condor, com sua coloração cinza (granito) e preta (sedimentar). Bia comenta que há também rochas metamórficas no parque. Chegamos ainda dia claro no refúgio Torres. São 7:30. Após a janta, no amplo refeitório, dirijo-me até uma das salas de convivência onde me largo num macio e confortável pufe. Um grupo de alemães bebe vinho e conversa animadamente. Cansada do jeito que estou, dormito e quando acordo, já não há mais ninguém no recinto. Vou pro dormitório e basta deitar a cabeça pra retomar meu sono do ponto onde fora interrompido. Estou pregada. Também pudera, não deu pra fazer treinamento algum em Porto antes da viagem, primeiro devido a uma distensão na coxa esquerda adquirida durante um rapel em Praia Grande, no início de janeiro. Depois, uma semana antes da viagem, uma virose violenta me pôs de cama durante cinco dias com febre, dores no corpo e na cabeça, de rachar o crânio. Os sintomas de sinusite, que me incomodam, devem ainda ser seqüelas dessa doença. Não é à-toa que eu ainda me sinta tão enfraquecida. Pero vamos que vamos, quem fica parado é poste!!

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