domingo, 20 de abril de 2008

Tarde em Carrasco



Embora meio ressaqueada, graças à várias doses da poderosa uvita, bebidas ontem no bar Fun Fun (e, confesso, mais uma garrafa de vinho!), saio do hotel procurando um café porque perdi o horário do desjejum....ah!! a culpada é.... la uvita, por supuesto! O dia continua lindo, céu sem nuvens, ar límpido já que a fumaça provocada pelos incêndios além Plata sumiu, levada pelo vento. Tomo o rumo da Sarandi em direção à Plaza Independência pra tirar umas fotos e fazer uns filmes. O centro da cidade está vazio, sem aquela zoeira incessante de veículos tão característica dos dias de semana, igual, aliás, em quaisquer cidades do planeta. Viva o domingo!! Sigo pela 18 de Julho e paro numa farmácia para comprar remédio pra dor de cabeça. Ah.....essa “mardita” la uvita!! Sento num café, ao ar livre, e peço uma salada de frutas e um café com leite, combinação bolada por mim pra limpar o organismo dos excessos cometidos na noite passada. Continuo meu passeio e passo pela Plaza Entrevero (não é uma gracinha o nome?) de onde admiro, do outro lado da avenida, alguns suntuosos casarios em estilo neoclássico, alguns deles acrescidos em seus topos com belos mirantes. Embarafusto por uma das ruas perpendiculares à 18, sombreada por velhos plátanos. Uma delícia percorrê-la e curtir suas casas antigas. As calçadas já mostram uma boa quantidade de folhas mortas que estalam enquanto nelas piso. Retorno à 18 porque quero filmar a Plaza Cagancha. Adoro esta praça e seu piso de granito bicolor. Afora isso, deleito-me em pronunciar, baixinho, seu nome....tão sonoro! Resolvo, então num impulso, pegar um ônibus cujo letreiro indica como destino Carrasco. Deixamos o centro da cidade, e logo estamos percorrendo plácidas ruas residenciais. O ônibus entra na avenida que margeia o porto de Buceo passando pelo Iacht Club Uruguayo onde vejo diversos veleiros atracados. O coletivo retoma seu trajeto pelas entranhas do bairro de Buceo, deixando pra trás a avenida beira rio. Quando avisto o imponente Hotel Carrasco, aperto o botão pra descer. Minha viagem durou exatos 40 minutos. Caminho lentamente pelo famoso balneário com suas bem cuidadas e elegantes casas. Há bons restaurantes nas imediações e o movimento de famílias é intenso. Escolho para almoçar um restaurante com mesas na calçada. Diante de um prato com nhoque acompanhado por um bife de vazio, trato de me alimentar, estou com fome. A comida apenas razoável. Indecisa se peço ou não uma sobremesa, constato, após a leitura do menu, a ausência de massinis. Peço, então, a conta. Uma pena o restaurante não tê-lo incluído, adoro sua fina massa recheada com creme chantilly. Passeio preguiçosamente pelas ruas filmando aqui e ali em direção à beira rio. Atravesso a avenida e já na rambla, me divirto com algumas menininhas que, faceiras, desfilam sobre o muro que divide a calçada da praia. Homens e mulheres, provavelmente os pais das pequenas, sentados em cadeiras preguiçosas, tomam sol aproveitando os últimos vestígios do verão renitente que teima em dizer adeus. A tarde está tão aprazível que, embora cansada, caminho sem pressa pela areia socada da praia, observando os pinheiros que, plantados no meio fio do calçadão, servem de quebra vento. Palmeiras balançam suaves suas folhudas hastes. Delicio-me ao perceber pequenas dunas atapetadas com uma espessa e rasteira vegetação. Como os montevideanos curtem pescar! Hoje também encontro diversos pescadores, inclusive mulheres, atirando suas linhas dentro d'água. Deveras charmoso o balneário de Carrasco! Após uma boa caminhada pela areia, subo ao calçadão onde em vários barracões de madeira vendem-se diversas espécies de pescados. Me dou conta de que já estou em Buceo. Num deles, os donos, sentados à frente de seu estabelecimento, tomam mate e curtem pachorrentamente o final de tarde. Filmo e eles me abanam simpaticamente. Muito amáveis los hermanos! Praças em frente ao rio, do outro lado da avenida, onde crianças brincam nos balanços e os pais, muitos deles sentados no gramado, aproveitam os últimos raios de sol do dia que finda. Jovens passam por mim pedalando suas bicicletas enquanto um que outro praticante de jogging corre esbaforido calçada afora. Cansada, entro num posto de gasolina e peço que chamem um táxi. Dou o endereço pro motorista e vou cochilando durante o trajeto até o hotel. Ao passar pelo restaurante Dom Peperone, quem vejo? Claudia e Fernando!! Contente de encontrá-los, entro no charmoso recinto. Os dois saboreiam um expresso enquanto esperam as sobremesas. Resolvo imitá-los e peço um massini. O garçom com uma cara de condoído desculpa-se "no los hay, señora". Escolho então um flan e um expresso. Ficamos conversando e contando os feitos do dia. Eles também estiveram flanando em Carrasco e por um detalhe não nos encontramos os três. Nos despedimos, estamos todos cansados e combinamos então no dia seguinte fazer alguns passeios juntos, marcando ponto em frente ao Palácio Legislativo às onze da manhã. “Tchau, Claudinha, boa noite Fê!” Atravesso a rua em direção ao hotel, escutando Claudia gritar alegremente “tchaaauuu, queeriidaa!"





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