terça-feira, 27 de novembro de 2007

Inté Brasília!

Parto de Alto Paraíso no ônibus das 7 da matina e chego às 10:30 em Brasília. Claudia me espera na rodoferroviária. Vamos pra sua casa onde vou pousar porque amanhã embarco de volta pra Porto. Ela no caminho me mostra alguns cartões postais da capital federal, como o Parque da Cidade, rebatizado Parque Ana Lídia, em homenagem ao brutal assassinato de uma menina, nos idos de 1970. Tal crime, infelizmente, até hoje permanece sem solução. Estou começando a gostar muito de Brasília. Quando aqui estive na década de 70 a cidade não era tão ricamente arborizada: tinha pouco mais de 10 anos. Canteiros decorados com variadas espécies de flores e flamboyants orgulhosamente floridos de vermelho enfeitam as ruas e amplas avenidas. Almoçamos no jardim de um restaurante de comida natural no setor sul, comida deliciosa, onde numa mesa comunitária pode-se trocar idéias com quem está ao lado. Converso um pouco com uma mineira casada com um goiano. Nesta cidade, a gente encontra pessoas de toda parte do Brasil e ainda de outros países do planeta. Trilegal! Claudia, seu pai e sua mãe, dois goianos encantadores! levam-me pra conhecer o Memorial Juscelino Kubitschek, uma construção em concreto branco, onde estão depositados os restos mortais do mineiro, simplesmente, conhecido como JK. Fico chocada quando subo ao primeiro piso e encontro um ambiente escuro, em cujo centro há uma construção em pedra, também, preta onde jaz o esquife, mais uma vez o preto, gente!! contendo os restos mortais do presidente. Meu deus, pobre JK! não merecia esse ambiente lúgubre, homem solar que era, amante da boa música (o fundo musical lá dentro deveria ser ou de um alegre samba ou de uma macia bossa nova, uai!!), da risada fácil e dos amplos espaços - afinal não foi à toa que escolheu o planalto central pra construir a nova capital dos brasileiros -, hoje confinado a esse mausoléu soturno, de arrrepiar os pelinhos dos braços. Será uma vingança da viúva, magoada por suas sucessivas escapadas?! Saio de lá contente por estar novamente a céu aberto. Reflito com meus botões que, se existe mesmo vida após a morte, o pobre Juscelino não deve estar lá muito satisfeito de se ver encerrado naquele ambiente tão solene quanto fúnebre. Que homenagem.....ou será castigo? Meu périplo continua e seguimos em direção ao Lago Paranoá. Seu Alfredo me pergunta se conheço o Palácio da Alvorada. “Só de fotos e filmes”, respondo ao bom goiano.
Residência oficial dos presidentes da república, este edifício foi o primeiro prédio construído em alvenaria por Niemayer e inaugurado em 1958, dois anos antes, portanto, da inauguração do Distrito Federal. Descemos e seu Alfredo pergunta se eu não vou fotografar o palácio. Pra ser gentil, faço-lhe a vontade, mas não tenho lá muitas ganas de. Enfim, não me custa nada. Faço um clique apenas e não é que a foto até que sai boa? Circundamos o lago pra conhecer a Ermida Dom Bosco, situada na margem posterior à do Palácio. Excepto por nós e um casal de namorados sentados num banco em frente ao lago, não há mais ninguém no local. Tranqüilo, tranqüilo. Os raios do sol poente refletidos na superfície das águas colorem-na de prata. O silêncio da tardinha é quebrado pelo rumorejar macio das pequenas marolas quando batem na areia. Nuvens pesadas se fazem presentes no céu. As luzes ao longe já evidenciam os preparativos da cidade para a noite prestes a cair. Deixamos os pais de Claudia em casa e vamos jantar num dos muitos restaurantes bacaninhas que abundam na cidade. Tão agradáveis, a maioria com mesas no exterior aproveitando o clima quente da região. Adoro estar ao ar livre, começo a desgostar cada vez mais de ficar presa entre quatro paredes, basta de ares gelados, afinal quem gosta de frio é pingüim! Quero morar aqui!! Brasília me aguarde! Au revoir!!

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