segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Portugal: Viseu

Eu sou apaixonada pela Idade Média e onde há cidades históricas com arquitetura remanescente dessa época, quero conhecê-las, motivo por que compro uma passagem no app da rede Expressos, que sai bem mais em conta se for adquirida nas estações de camionagens (as rodoviárias portuguesas), e vou conhecer Viseu, distante da Guarda 50 minutos. Ao longo da excelente autopista, aparecem ao longe vilas como Figueiró da Granja, Mangualde e o contorno das serranias, relevo predominante na região. Com 103 mil habitantes, é bem maior que a Guarda, situando-se também na região do centro de Portugal. Envolvida por um sistema montanhoso, destaca-se a serra do Caramulo. Em seu centro histórico, bem preservado, avultam, no Largo da Sé, o museu nacional Grão Vasco,  a Igreja da Misericórdia, em estilo barroco, datada do século XVIII, com seu lindo órgão de tubos, e a Catedral da Sé que começou a tomar forma no século XII, inicialmente, em estilo românico. Ao longo dos séculos ganhou o acréscimo de acentos gótico e barroco, percebidos estes nas ricas obras de talha e pintura no retábulo-mor e nos azulejos do claustro. Ao lado da Igreja da Misericórdia, a linda fonte das 3 Bicas, em estilo rococó, foi ponto de encontro das pessoas que ali acorriam pra saciar a sede ou trocar um dedo de prosa. Descendo a rua lateral, que corre ao lado da Misericórdia, encontra-se a linda capela N. Sra dos Remédios, em cujo pórtico de entrada foi lavrada a seguinte inscrição: "Esta capella he do povo que se fez a custa das esmolas dos devotos Anno de 1742". Na frente da capela, outra fonte mais modesta com uma bica apenas. Mais adiante, a porta do Soar, remanescência da antiga muralha que servia de proteção à cidade. Caminhando a esmo pelas ruas sinuosas, encontro outra capela, a de São Sebastião. E conversando com meus botões, manifesto cansaço daquele entra e sai de igrejas e de tanto fazer os 3 pedidos, tradição esta católica, a cada visita a uma igreja nova. Resta esgotado meu repertório de quereres! Ao chegar a Viseu o tempo, se mostra nublado, caindo uma garoa que molha as ruas, o que me leva a comprar um guarda-chuva numa das centenas de lojas chinesas espalhadas não só por Portugal como pela Espanha, o que pude constatar quando lá estive. Uma delícia percorrer as sinuosas ruas e se deparar com casas de três pisos, aos meus olhos, encantadoras com seus balcões enfeitados com vasos floridos. No centro da cidade, o Rossio exibe um grande painel de azulejo com cenas da vida campestre no muro de suporte da rua superior. No largo, onde está instalada a Câmara Municipal, uma quantidade expressiva de plátanos e tílias serve de proteção natural não só ao sol veranil como às chuvas que já estão dando as caras. Do outro lado da rua, na praça  que circunda vários edifícios antigos, destaca-se o da Santa Casa de Misericórdia e os bem cuidados canteiros floridos embora já se esteja no outono. Aliás, o tanto de floreiras espalhadas pelas cidades portuguesas e espanholas constitui-se numa explosão de cores nas ruas. Na parte nova da cidade, predominam confortáveis residências com jardins bem cuidados e pomares exibindo as frutas da estação: maçãs, marmelos e caqui, aqui chamados dióspiro. Ao contrário da manhã, o azul começa a romper o predomínio cinzento no ceu. Como eu já comprara a passagem de volta pra Guarda e o bus parte às 16, trato de procurar um restaurante pra almoçar. Encontro um chamado Casa da Vó, e escolho polvo grelhado; pra beber Alvarinho, casta de vinho branco, típica da península ibérica. O polvo, infelizmente, um tantinho duro, as batatas e os legumes, entretanto, saborosos. Pra minha alegria, descubro que um dos garçons é nepalês - saudades deste país e seu sorridente e amável povo! - e o que me serve, um simpático colombiano com quem troco ideias sobre seu país. A caminho da estação de camionagem, paro numa confeitaria, compro, além de doces, que como no balcão acompanhados por um cafezinho, uma bandeja com mais guloseimas pra Bibi e Jean (Mariatu não é muito fã de doces, tampouco de vinho e de queijo....essa comadre é enjoada pra comer, eita). A caminho da Guarda, já sentada no confortável busão que tem apoio pros pés (todos têm wifi e entrada de usb pra carregar os celulares), curto a paisagem que se desenrola diante de meus olhos. Tô muito contente com o bate-e-volta a Viseu, embora tenha sido breve. Minha curiosidade sobre a cidade, que já tinha chamado minha atenção quando por ali passei vinda do Porto, foi satisfeita. E ainda chego a tempo de pegar Bibi no colégio.....uuuhuuu!! Tô chegando querida!!

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