quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Uma Floresta na Costa Dourada

Nosso bangalô realmente faz jus ao nome Bella Vista: localizado em frente à praia, vislumbra-se a larga e ampla costa do rio de La Plata. Embora haja nuvens, o céu se mostra em sua maior parte limpo. Uma leve brisa balança suavemente os galhos das árvores. Não servindo café da manhã, saímos pedalando sem sequer um abanico à única pousada onde não fomos nada bem tratadas. Ao cabo duns 4 km, encontramos uma fruteira onde paramos pra fazer um ranguinho. Provo alguns pêssegos que, sumarentos  e carnudos, estão deliciosos! Por quase 5 km seguimos pela Ruta 10 até nova interrupção pela mesma Interbalneária onde pedaláramos na manhã do dia anterior. Embora seja feriado, o movimento na autopista é forte. O tempo muda e as nuvens, até então esparsas, se juntam tornando o céu agradavelmente encoberto! O que atrapalha é o vento sudeste, o famoso pampero (creio que equivale ao nosso minuano), que nos açoita impiedosamente durante os 39 km restantes até Floresta, nosso próximo destino. Por diversas vezes o ar deslocado pelos veículos - em especial, os provocados pelos ônibus - quase me derruba da bici. Fodástico no mau sentido pedalar contra esse vento que, se fosse de rajada, vá lá, mas nessa batida contínua é duro de suportar. Pra piorar, algumas subidinhas que aliadas ao super vento tornam mais pesado o pedal.  Já no departamento de Canelones, vejo anunciada numa placa os 10 km que restam até Floresta. Jô e Angélica, dessa feita, não conseguem se distanciar muito por causa da ventania. Só mesmo um sudeste a fudê pra conter as galos cinzas do pedal, hehe. Espero Fátima, pedalando quase 1 km atrás de mim. Ela atualmente não se puxa tanto como há 2 anos quando a conheci. Naquela época, adorava estar na linha de frente. Olho pro relógio e vejo que os ponteiros marcam exatas 15 horas. Floresta, aleluia, é o primeiro lugar durante esses 6 dias de pedal onde conseguimos chegar cedo. Pergunto prum cidadão onde há restaurantes abertos. Esfaimadas como estamos, já nem tendo mais no estômago aquele desaiuno frugal da manhã, só o que queremos, antes de ir pra pousada, é comer algo de sustância. "Están cerrados", responde o senhor, "solamente a la noche estarán abiertos." Que merdaaa! Pero, descobrimos, aleluia, um supermercado aberto onde praticamente todos os veranistas se encontram no momento comprando víveres. Quando chega a minha vez de ser atendida no balcão da fiambreria, peço maionese, um bife a milanesa e um pote de salada de frutas. Claro está que não esqueço de também levar uma garrafa de vinho branco. O vento piora e começa a esfriar, dando uma refrescada geral na temperatura até então elevadíssima. Terminadas as compras, vamos a cata da pousada. Pergunta dali, fuça daqui, (com nova desavença entre mim e Monster, só que dessa vez, eu ganho a parada, hahahaha), encontramos nosso hotel....aleluia! Indicamos pras gurias, que haviam chegado antes de nós, onde é o super e lá se vão as 2 comprar seus mantimentos. A comida está deliciosa e não só porque estou faminta, não!! Tá boa mesmo, tanto que tenho de me controlar pra não devorá-la tamanha minha fome. Construída a beira do Arroyo Solis Chico a 1 km da praia, o Refugio del Solís conta com uma boa estrutura de lazer: piscina tanto ao ar livre quanto térmica, além de jacuzzi e restaurante. Nossa habitação é uma simpática cabana com cozinha, banheiro, sala e 2 quartos. Descansamos um pouco após o almoço, aproveitando pra postar fotos no Face. O que estraga a paz do lugar são uns monstrinhos exibidos, dirigindo uns barulhentos quadriciclos que devem ter ganhado de Natal. Que vontade de afogar esses diabos infantis no arroyo! À tardinha, Fátima me convida pra dar uma banda no balneário. Floresta localiza-se na assim chamada Costa del Oro. Ruas arborizadas, boas casas de veraneio e a panorâmica rambla com miradores tornam o balneário muito procurado pelos uruguaios de classe média. Embora tranqüila e familiar, seu centro é fervido à noite. Pedalando pela rambla mais uma vez, constato que o kitesurf é esporte muito apreciado no país. Pedalamos até a desembocadura do Arroyo Sarandi com o rio de La Plata, retornando então à pousada. Somente Josmara está acordada, Angélica ainda tá tirando aquela soneca pós-ranguinho. Grande parceira a Josmara! Com sua voz calma, a paulista faz um contraponto sereno ao nosso estilo mais enfezado. O que posso dizer de Angelica? É a falsa-tranquila. Ela confirma isso, declarando que, se atingiu um estado de razoável serenidade, foi após anos de intensiva prática de esportes. Com isso conseguiu burilar sua herança genética, caracterizada por extrema inquietude e energia inesgotável. É a parceira-dínamo enquanto Fatima se revela  como a parceira-mimimi e Jo, a parceira-serenidade. Eu? Sou a parceira-biriri, hahaha!! Bueno, o resultado da siesta de Angel foi que ela não conseguiu dormir cedo e saiu a pedalar à noite, não sem antes tentar "abduzir" uma de nós três para lhe fazer companhia. Enquanto ela ficou socando botina até as 2 da manhã, nós preferimos dormir agarradinhas a Morfeu, hehehe 

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